Queixamo-nos muito do imediatismo, da rapidez e facilidade das coisas, do fast fashion, fast love, fast food, fast tudo.
Há quem se agarre à nostalgia, aos tempos sem Internet, à infância passada a brincar na rua, aos serões com os pais a ver os Jogos sem fronteiras. Há quem se agarre a estas âncoras que fomos criando para nós mesmos quando queremos regressar a lugares mais seguros, estáveis, de maior protecção.
Vivemos com alguma ansiedade, em que tudo tem de ser para já, porque a vida não espera por nós. Simultaneamente achamos que o fast não nos serve, que o antigamente é que era.
O problema de viver no rewind é que ele teve o seu lugar próprio e quem está demasiado preocupado em olhar para ele, não está a olhar para o chão que pisa agora.
Da mesma maneira que viver em ansiedade com o que está para vir, armando-nos em Professores Karamba do indivinhável, não oferece mais garantias de que a vida vá correr como a planeamos.
Assim, contem-me tudo, o que acham que:
Podiam ter feito mais?
Tolerado mais?
Arriscado mais?
Aproveitado mais?
No fundo, têm arrependimentos?
(Sim, está tudo alinhado para enfiar aqui pelo meio um Carpe Diem e um YOLO, mas são expressões que me causam comichão.)
O hoje nem sempre vem cheio de paz, tranquilidade ou segurança, mas a piada reside aí.
Não somos espectadores do nosso próprio filme, mas capazes de o reescrever a todo o momento.
Regressar ao passado às vezes é bom, só não é bom querer viver nele.
Normalmente não venho comentar, mas hoje vou fazê-lo.
ResponderExcluirPenso algumas vezes se faria algo de outra maneira, para inevitavelmente acabar por concluir que não, que faria tudo da mesmíssima forma. É claro que poderia ficar agarrado aos "ses" e aos "devia ter feito X", mas as minhas escolhas foram - felizmente! - apenas minhas.
É a minha história, são os meus momentos, os meus traumas, as minhas vitórias e as minhas derrotas. Fazer mais? Fazer melhor? Talvez tivesse sido possível. Mas o passado é o passado, e não o podemos mudar. Se o hoje não é o que eu quero ou desejaria, o amanhã será certamente, ou o depois de amanhã, pois a minha história sou eu que a escrevo, por linhas direitas ou tortas.
JP, adorei.
ExcluirFicarmos presos aos arrependimentos não é positivo, exactamente porque não existe nada que possamos fazer para alterar acções do passado. Ainda assim, acho que termos consciência dos "ses" e dos "devia ter feito x" só nos ajuda a não cometer os mesmos erros. Possivelmente ao fazê-lo incorreremos em falhas novas, mas, como dizes, são as nossas falhas, na nossa história.
ExcluirAo final do dia, ninguém vive a vida por nós.
Arriscava mais. Sempre joguei pelo seguro e pela responsabilidade.
ResponderExcluirArrependimentos... quem não os tem?!
ResponderExcluirSe podia ter-me esforçado mais?!
Óbvio que sim.
Sou uma pessoa que gosta do passado e das suas raízes. Há é momentos certos para poder relembrá-lo, pois recordar, é viver. E é bom, sem dúvida.
Mas, a vida é de objectivos. De olhar em frente e caminhar.Temos essa responsabilidade.
Vivo para os desafios do hoje e procuro sempre mais.
E, inerente a tudo isto, tento sempre trazer o antigamente, para o dia-a-dia. É importante manter os valores que nos fizeram ser as pessoas (boas ou não, depende da perspectiva) que somos. A nossa base.
Tudo isto pode parecer conversa da treta ou banal. Mas é assim! :)
A mim só há uma coisa que me causa comichão: picadas de melga ou pulga :P
ResponderExcluirEm relação a "aproveitado mais?", claro que sim. Houve umas quantas que eu não aproveitei. Eeeerrrr......pois....é isso :P