Carta ao idiota interior que vive no cérebro de um otário.

Com o tempo e as barbaridades que saem da boca de alguns homens, percebes que há ali um neurónio sozinho e amargurado, a assumir a torre de controlo, que está limitado aos seus reflexos pavlovianos em relação ao sexo feminino.

Eu gosto de o imaginar como um idiota daquela estirpe que acha que uma mulher serve apenas para ser bonita, dar pica e proporcionar bons - por vezes demasiado breves - momentos.

Gostamos de achar que este idiota é uma excepção à regra, porque a sociedade evoluiu. Há momentos em que até achamos que pessoas assim já nem existem.

Depois lemos notícias, passamos os olhos por comentários do Facebook a pseudo-famosas, lemos e ouvimos afirmações desprovidas de tudo e...percebemos que este idiota é aquela parte - esperamos que ínfima - que continua a habitar no macho latino.

Qualquer homem a sério repudia estes tipos que dão má fama a todos os outros. Provavelmente até conhecem alguém assim, e riem-se quando ele diz uma alarvidade obscena qualquer em relação a uma miúda que passou, mas nunca lhe vão dizer que têm uma irmã gira, porque sabem o tipo de otário que ele é.

Este é aquele gajo que só tem um neurónio idiota que faz aquele gajo dizer uma qualquer expressão triste sobre uma mulher que nem no melhor dia dele o olharia duas vezes. Não porque aquele otário seja feio, não porque não tenha dinheiro, não tenha emprego, ou porque as gajas são todas umas putas, que são as desculpas que os ouvem dar para justificar estarem sozinhos, mas sim porque este otário não é capaz de olhar para uma mulher com a admiração e respeito que ela merece. É algo tão simples como admitir que ela seja uma pessoa. Não um pedaço de carne.

Todos temos problemas e um passado. Este tipo de pessoa, algures, teve um momento em que evoluiu para um retardado emocional, incapaz de valorizar alguém, achando-se muito homem quando rebarba com miúdas de 13 anos que já parecem umas mulherzinhas, com pensamentos obscenos, verbalizados como se fossem a coisa mais natural do mundo.

Normalmente são pessoas pouco inteligentes, mas é dos que o são que tenho medo. Os que conseguem transformar-se em lobos com pele de cordeiro e enganar alguém mais desatento. Jogam, manipulam e usam, sob a capa de moralistas. É uma benção quando os otários não conseguem ser inteligentes o suficiente para esconder como são realmente. Além de pena, tenho realmente medo destes idiotas. Como frustados que são, poderão ser mais ou menos inofensivos.

Houve um tempo em que defendi que todos têm o direito de ser felizes.

Hoje defendo que todos deveríamos fazer por merecê-lo. Otários destes não merecem.