Bem, talvez comecemos por corrigir a ideia de que é, de facto, um filme português. Não é.
Os filmes portugueses não me têm cativado e, acreditem, vou dando algumas hipóteses para que o façam, embora acabe muitas vezes por confirmar a máxima generalista: não gosto de filmes portugueses.
E porquê?
- Temos bons profissionais de fotografia e, curiosamente, os filmes portugueses têm invariavelmente aquele ar sinistro, sempre com uma atmosfera triste, demasiado escura e soturna. Óptimo para malta com tendência para depressões.
- Temos (alguns) bons actores, que ficam muitas vezes de lado, porque as estrelas da novela da TVI têm de ir fazendo qualquer coisinha no cinema e, bem, ver um bom par de mamas siliconadas ocasional é mais importante do que ter, sei lá, densidade emocional?
- Estão repletos de asneiras. Quando não se sabe bem o que se colocar num diálogo, enfiamos para ali um "merda" ou um "foda-se" e a coisa ganha logo outra intensidade, não é verdade? Não.
- Bandas sonoras fraquinhas. Cansa um bocado estar sempre a levar com os Xutos, Pedros Abrunhosas e demais desta vida.
- Estamos sempre a ver as mesmas caras. Olá Nicolau Breyner, Soraia Chaves e o Marco D'Almeida. Quer dizer, não podem mudar um bocadinho, só assim para a malta ter aquela sensação de que está a ver um filme diferente?
- Os argumentos são fracos. Parece que para além de histórias invariavelmente dramáticas, não sabemos como prender o público num argumento minimamente original e interessante.
- Temos sempre as mesmas desculpas para os filmes: falta de investimento. Muito bem e não há filmes low budget a sair que nem pãezinhos quentes que contrariam esta teoria de que um filme é mauzinho porque só se tinha como apoio aquela casa na Ericeira com churrasqueira e piscina e a malta até trouxe a roupa de casa? Poupem-me.
- Temos de levar com o Breyner como senhor de meia idade que ainda está aí para as curvas nem que seja a pagar e com auxílio de poderosos fármacos. Eu sei que já falei dele, mas isto, ainda que tenha ocorrido só uma vez, traumatizou-me e não sei quando a indústria cinematográfica portuguesa irá recuperar do choque.
Há, no entanto, alguns "bons exemplos" (a meu ver, obviamente) que contrariam, ainda que não na totalidade, algumas destas críticas: Sangue do meu sangue | Alice | Em terra frágil | Um funeral à chuva | Além de ti para enumerar alguns títulos mais recentes.
Outros haverão, mas, por favor, tirem-me da frente os Call Girl, Second Life, RPG e A Bela e o Paparazzo, ou arranjem-me um saquinho daqueles que dão nos aviões, que eu não me aguento.
Um funeral à chuva é dos meus favoritos :)
ResponderExcluirE gostaste da Gaiola Dourada ou não? É que acho que quiseste começar por aí mas depois perdeste-te... :p
ResponderExcluirComecei por aí porque é o exemplo recente de um filme que muitos consideram erradamente português e que divertiu, tendo destaque porque, creio eu, a abordagem não é, de todo, a do típico filme português.
ExcluirQuanto ao filme: gostei, tanto do argumento, como da fotografia, como do ambiente, pelos contrastes entre os risos provocados e a emoção (por exemplo na vergonha do filho em relação à mãe), etc. Contudo, não acho nenhuma obra-prima, embora compreenda o sururu criado - merecidamente - à volta do filme.
Cumpre o objectivo e não nos faz chorar os (quase) 6€ de bilhete.
Cueca
ExcluirMy thoughts exactly, se bem que eu esteja tão descontente com Hollywood e a sua teoria de fazer filmes em 3D e de heróis da Marvel que achei um dos filmes do ano até agora...
"A Bela e o Paparazzo" ainda deu para rir por causa do Markl.
ResponderExcluirMas a "Gaiola Dourada" está muito fixe e sim, É um filme Português a 50% :P
Sangue do Meu Sangue foi dos melhores filmes portugueses que vi. Também gostei do Jaime, do Amor de Perdição (adoro a Catarina Wallenstein), Zona J (um clássico 90's ahah!), Tentação, Capitães de Abril (Maria de Medeiros <3), Florbela (muito bom!), O Mistério da Estrada de Sintra, Coisa Ruim, Efeitos Secundários, Morrer Como Um Homem, Cavaleiros de Água Doce, Linhas de Wellington e Amália. Gostaste de alguns destes?
ResponderExcluirHá dias passou na RTP1 o Duas Mulheres, só vi pela Beatriz Batarda.
Coisa Ruim é de topo! :)
ExcluirDos que referes não vi o Capitães de Abril, nem o mistério da estrada de sintra ou o florbela.
ExcluirDos outros, gostei especialmente do jaime, do zona j porque o vi naquela altura e a Amália, que tem uma interpretação muito boa.
Concordo, eu gostei imenso do "Funeral a chuva". as vezes nao e uma questao de orcamento mas sim de argumento. eu acho q ha bons filmes por ai, mas nao chegam e as salas de cinema e ao conhecimento do publico em geral
ResponderExcluirGosto de alguns filmes portugueses, como o Sangue do meu sangue. Mas abusam nos palavrões, na nudez, nas cenas de acção patetas.
ResponderExcluirA Gaiola Dourada é um filme francês com actores portugueses. Toda a sua portugalidade acaba aí. Pelo que ouvi dizer, custou uns 7 milhões de euros e quem está minimamente por dentro do que custam os filmes em portugal, perceberá a diferença em questão.
ResponderExcluirCueca, viste o Noite Escura? E o Tabu? Bem bons!
Podemos passar para a pornografia lusitana!?? PODEMOS!??? Também é cinema...
O Tabu não, o Noite Escura gostei.
ExcluirRelembremos esse belíssimo título lusitano: grelinhos com açúcar.
Não sei quem se terá lembrado de juntar açúcar aos grelos, mas há que louvar o experimentalismo gastronómico.
(E não, a Erica Fontes não é boa actriz. É esforçada, o que já é muito bom.)
Olha Cueca... até podia continuar para aqui a despejar palermices (terreno no qual me sinto bastante capaz) mas, sinceramente, isso não vai acontecer enquanto não fizeres um pedido de desculpas público à Erica.
ExcluirEsforçada!?? She's a natural!!!
Ok, não está no Olimpo das actrizes que deixarão o seu nome na história mas merece mais respeito.
*Esqueci-me do realizador que também é semi-tuga...
ResponderExcluirE "A arte de roubar"? Tarantino style mas com piadinha.
ResponderExcluirO Tabu é provavelmente o melhor filme português dos últimos 10 anos. O problema é que não temos um publico suficientemente capaz de entender o estilo de cinema literário português, que já vem da escola do António Reis, do António de Macedo, do Eduardo Geada, do Paulo Rocha, do César Monteiro e de tantos outros que não são certamente os realizadores de telenovelas da TVI ou da plural.
ResponderExcluirÉ contraproducente falar de cinema quando não se sabe sequer o que é cinema.
E o som é sempre o horror... Se estivermos a ver em casa o volume tem que ficar ao nível do dos anúncios da TVI para se ouvir puto. Que em conjunto com o sotaque demasiado lisboeta dos actores torna muito difícil chegarmos lá pela lógica do assunto. Não se nota tanto nas novelas e televisão em geral mas num filme fica logo tudo a falar à "tia"...
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