Gosto de gostar.

Há pessoas assim, que o que mais gostam é saber gostar das coisas, das pessoas, dos momentos, dos lugares. Gostam de cuidar, de proteger, de acarinhar, esse gostar.

Gostam de gostar sempre, dos outros que gostam, ou de tudo o resto.

Gostam dos cheiros, dos olhos, das mãos, dos toques ou das sinfonias que os sussurros trazem. Gostam das pequenas coisas, das grandes e das assim-assim. Gostam de ti e gostam de mim.

São raras e especiais e humanas. Têm calor dentro delas. Tiram o peso do mundo dos ombros e levam-no com elas.

Gostam de acordar devagar e abrir o mundo aos nossos olhos. De falar, de rir, de desafiar. Voam nos nossos sonhos e passam pela nossa vida. Gostam de ficar e de partir.

São ondas do mar, cadentes, pingentes, carentes.

Vivem nas cartas que guardámos nas gavetas, nos desejos ou nos cometas. Não se deixam apanhar, apenas cativar. E apesar de não as conseguirmos prender, ou beijar, gostamos de as ter, gostamos de as gostar.