8.6.12

Confesso: faz-me espécie.

Ouvir por todo o lado jovens queixarem-se de falta emprego, de más condições, de falta de oportunidades, de parca aposta, quando pouco ou nada fazem para mudar isso.
As coisas estão más, efectivamente. Claramente existem muitas pessoas com valor que não têm a vida profissional que poderiam e deveriam ter. Seria tudo muito melhor se houvesse muito emprego, bons salários, trabalhos aliciantes, reconhecimento...
Faz-me confusão ver tanta gente que acha que tirar um curso lhe dá automaticamente direito a um emprego na área, com bom horário e um bom salário.
Custa dizê-lo, mas a vida não é assim. Ou pelo menos não é assim para quem não tem padrinhos.
Admito que olho para algumas pessoas e percebo a razão de não arranjarem emprego na sua área.
Os cursos não formam profissionais, simplesmente são uma pequena amostra e preparação para a vida profissional. Daí que seja apenas natural termos um início humilde, curioso, criativo, persistente, porque é isso que vai ser preciso se quisermos evoluir.
É muito fácil cruzar os braços e achar que já se fez tudo para arranjar emprego.
Quando acabei o curso passava grande parte do dia a elaborar cartas de motivação, refazer CV, entregar currículos em mão, responder a ofertas, fazer candidaturas espontâneas, ir ao Centro de Emprego, apostar na minha formação, trabalhar a troco de nada...e tudo isto para poder simplesmente ganhar experiência e ter um trabalho.
Agora, apanhar com queixas dia sim, dia sim, e ver a malta ir gastar o dinheiro dos pais em lojas com coisas que nem com independência financeira me atreveria a adquirir? Viver para as tendências, para as modas, para as saídas? Ouvir que não arranjam emprego "mas até já mandaram um currículo por e-mail no mês passado!"?.
Eu também sei o que é querer trabalhar e não poder, de ver as oportunidades a irem para outra pessoa. Mas sempre soube "não foi desta, mas uma oportunidade será para mim se continuar a tentar".
Tive a sorte de poder quase "pagar para trabalhar" no início, coisa que nem toda a gente se pode dar ao luxo de fazer.
Há pessoas com vidas realmente difíceis, que passam dificuldades, que realmente trabalham "no que aparece" porque tem de ser, ou que se esforçam e não arranjam simplesmente emprego.
Mas há também muita gente que não quer trabalhar.
E se não querem, deixem-se estar quietinhos e caladinhos, ao invés de gritarem aos sete ventos o quão coitadinhos são porque não arranjam um trabalho das 9h às 17h, com carro, telemóvel, 1500€ de salário, 25 dias de férias e muitas pontes institucionais.
Há quem viva para trabalhar, há quem se sinta realizado com um emprego e existem os comuns mortais, que trabalham para ganhar a vida, sustentar uma família e poder dar-se a uns pequenos luxos de classe média de quando em quando.

21 comentários:

  1. Sabes o que me aborrece mais nessa gente??? è que conseguem VIVER BEM mesmo nessas situações.....
    Sabem lá o que é estar desempregada com um filho a cargo...sem outra fonte de rendimento....o subs.desemprego apenas cubrir a renda e a escola...eu estive desempregada 2 meses (tive uma sorte LOUCA) e já batia com a cabeça nas paredes...jasus...não nasci para estar em casa....

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  2. Como te percebo!!! Tb fui como tu, ainda antes de acabar o curso ja andava a procura de um estagio qqer mesmo nao remunerado para ganhar experiencia, e aceitei um em que nao ganhava mesmo quase nada, q o ordenado ia a mais de 70% pro passe. Temos que nos render as evidencias. Quem nao nasceu em berco de ouro tem de lutar, mas honestamente tambem nao dou grande valor a quem nunca teve de lutar por nada na vida, aos que vivem no aquario.
    E depois malta que tira cursos que nem deviam existir em tao grande numero, como historia nao sei do que... ter um canudo so por si nao serve de rigorosamente nada.
    Mas tambem e um facto que mesmo os que se esforcam e fazem de tudo para conseguir um trabalho nao estao a conseguir nada, pq simplesmente nao ha oportunidades. Mas esses continuam a lutar em vez de passar os dias nos cafes e nas lojas a lamentar'se

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  3. Também não vamos generalizar. Quando terminei a faculdade há coisa de 12 anos, a taxa de desemprego na altura andava pelos 3%. Agora é de quanto? 14%, 15%, 16%? De facto hoje em dia é muito mais dificil o emprego do que era há não assim tanto tempo. E quando o há regra geral é em condições muito precárias. Pior que tudo são certas áreas que formam milhares de pessoas por ano, onde nem emprego e nem oportunidades.
    Agora se andam por aí uns grupos de putos charilas bebezinhos dos papás a exibir o carrinho dos respectivos a passear pelos centros comerciais sem fazer nenhum e ainda se consideram os maiores... Epá... Tótózinhos há em todo lado...

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  4. "9h às 17h, com carro, telemóvel, 1500€ de salário, 25 dias de férias e muitas pontes institucionais"

    QUE SONHO!!! lool

    Palmas para tudo o que disseste! Eu bem digo que o pessoal se acomoda demasiado e que no geral, quem mais se queixa é quem menos faz pela vida!
    Por muitos anos que viva, nunca vou perceber como é que certas pessoas levam a vida que levam e gastam o que gastam... Só se morarem com os pais e não pagarem renda nem contas... LOL

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  5. Vá, ao menos não generalizas. Há essa gente, há, mas a maioria hoje em dia segue da licenciatura para o mestrado sem sequer pensar em trabalhar: "somos muito novos".

    Eu cá gostava de andar de estágio em estágio, pagar para trabalhar até que uma alminha caridosa reparasse em mim. Mas não posso. Sonhos não pagam dívidas e por isso, venham os trabalhos precários e o emprego das 9 às 19h com 485€ mensais. Mais formação? Gostava, sim senhora. Mas não dá. Assim há-de continuar a ser até que as empresas ganhem vergonha na cara e deixem de se apoiar no "período de experiência" dos estagiários.

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  6. Eu, pobre coitada da classe menos que média, de 27 anos, ja a trabalhar desde os 18 (mesmo durante o curso) sinto um bocadito de vergonha dos jovens portugueses e das idiotices que dizem. Tirei um curso nas belas das Humanidades e não podia esperar milagres...Secalhar o que falta aos jovens não é tanto o "amanhã" mas o apoio no "ontem", visto que muitos escolhem por facilitismo e não por gosto ou vocação e querem mesmo assim ter emprego nas áreas que na realidade escolheram para fugir à matemática. Deus me perdoe,eu tirei o curso por gosto, mas ao menos já sabia que emprego na área era algo tão certo como água no deserto. Há falta de honestidade intelectual em Portugal. Estamos tão preocupados com o futuro que esquecemos de educar os jovens hoje de tal forma que as suas escolhas de ontem não afectem os sonhos do amanhã.

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  7. Concordo contigo! Infelizmente parece que as gerações mais novas estão muito mal habituadas...

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  8. Gosto desse teu lado realista.

    Irrita-me que os jovens achem que por terem um canudo MERECEM um bom emprego. Não merecem. Merecem sim, se forem esforçados, preocupados, pró-activos, carismáticos.

    Eu tive a sorte - e o mérito - de conseguir logo um trabalho na área, mas a verdade é que ganho uma porcaria e podia estar muito melhor. Infelizmente, também sei que dificilmente encontraria um outro trabalho que me desse tão pouca despesa (vou e venho a pé, almoço em casa) e a contrato. Não estou a recibos, tenho um contrato. Isso, hoje em dia, já é uma sorte.

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  9. olá!

    Apoiado a 100%. A rempresa onde estou tem 4 vagas de emprego e a maioria dos candidatos seleccionados para entrevista aquando da marcação inventaram 1001 razões para não comparecerem. Enviam candidaturas só para fazer número de procura de emprego para o Subsidio de desemprego!!!!

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  10. Olha eu quando comecei a trabalhar, literalmente pagava para trabalhar, 3 anos a estagiar sem receber um único tostão. Pelo caminho tive que arranjar outros trabalhos para poder terminar o estágio. Trabalho, gosto do que faço... mas confesso que ultimamente ando um bocado, vá um bocado grande frustrada, mas custa-me tanto mas tanto, ver certas oportunidades direitinhas para outras pessoas só porque conhecem alguém...

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  11. Também estou a ver que vou ter que trabalhar a troco de nada, para ter a experiência que todos os empregadores querem mas nenhum quer dar. Mas já sei que custa, quero lutar por isso e se isso significar andar mais 3 anos aos cuidados dos pais, vou ter que me esforçar a dobrar.

    Mas é este o nosso futuro! E se não der, tenho o resto do mundo para trabalhar (:

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  12. Concordo com algumas coisas que escreveste com outras nem por isso. É verdade que existem áreas que estão simplesmente a rebentar pelas costuras (a minha área, jornalismo, é uma delas), simplesmente não há oportunidades para todos, é um facto. Mas eu sempre fui daquelas que sempre ouviu que tirar um curso superior e apostar na minha formação é que me poderia garantir um futuro melhor. E, por isso, lá fui com 17 anos para a faculdade tirar o curso dos meus sonhos. Tenho 21 anos e estou desde semtembro há procura de estágios, emprego, seja o que for. Já perdi a conta aos currículos que enviei e ao tempo que passei a procurar. Se até agora as entrevistas a que fui não deram em nada, de certeza, que não foi por eu não tentar. E por causa disso, tenho que continuar a depender dos meus pais, tal como tantos jovens licenciados neste país.

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  13. Em momento algum critico no que escrevi quem se esforça e realmente faz por tentar seguir o seu sonho.
    Pelo contrário, infelizmente tenho mais amigos dos que gostaria nessa situação e sei que não é por falta de tentativa.
    O que critico são aqueles que se queixam de barriga cheia, porque no fim do mês nada fizeram para garantir a sua independência, gastando o dinheiro (que não foi ganho por eles) em coisas fúteis e ainda se queixando a torto e a direito, como se as suas queixas pudessem ser um prolongamento de tempo a continuarem a fazer nenhum.
    Desde que vocalizem as suas "frustações" vão passando os meses...

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  14. Trabalhar a troco de nada? Já trabalhei mas em regime de voluntariado e fora do meu horario de trabalho, nunca trabalharia a troco de nada na minha profissão. É um insulto o que as empresas fazem, produzirem à custa de quem não sabe mais o que fazer.
    Felizmente, sempre tive trabalho. Fiquei desempregada um vez entre um emprego e outro e porquê? Porque ao invés de ficar efectiva preferiram ir buscar alguém que trabalhava a troco de nada. Lá arranjei outro a fazer a mesma coisa a ganhar o mesmo e despedi-me ao fim de um ano e pouco e vim para fora onde tenho condições de trabalho maravilhosas, nunca antes imaginadas e as minhas em Portugal não eram más. Isto tudo para dizer que também me irrita quem se queixa, não há, não te agrada? Faz-te à vida. Mas que também trabalhar a troco de nada, pagar para trabalhar? Não. Ainda há muitas opções fora do País, se não as houvesse é que era pior.

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  15. A verdade é que se criou a ideia de que ter um curso superior chega. Durante o curso grande parte das pessoas anda nos copos, em festas e a laurear 'a pevide', estuda só para os exames (e é naqueles em que não dá mesmo para fazer cábulas), acaba cursos com taxas de empregabilidade miseráveis com média de 11 ou 12 e depois ainda se queixa. Eu sei que é muito mais giro passar a noite no bairro do que numa biblioteca a estudar, mas depois não se queixem das consequências.

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  16. Quantas e quantas vezes ouvi eu pessoas desempregadas a dizer que não estavam para trabalhar por 600 ou 700 euros. Epá, claro que assim ninguém enriquece, mas há que começar por algum lado, não?

    Não quero estar para aqui a dar-me como exemplo, longe disso. Mas o certo é que comecei um estágio onde nos primeiros 6 meses recebia ZERO, sendo que no restante período (mais 2 anos e meio) a média de remuneração mensal nunca ultrapassava muito os 600/700 euros.

    Ainda por cima, em períodos de crise, não há que chorar pelos, cantos: há que trabalhar o dobro!

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  17. Como te compreendo. Vejo isso também, em algumas pessoas sobretudo da nossa geração. Eu sou como tu, comum mortal, que trabalho porque tem de ser, para poder ter uma vida em condições a pagar as contas.
    **

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  18. As gerações mais novas estão mal habituadas para muitos é verdade sim. Mas é a geração dos pais desses que muitas vezes têm a culpa. Deram e habituaram os filhos a dar o que não tiveram. E muitos que conheço hoje sacrificam-se para dar de comer aos filhos e aos netos para que estes possam continuar a não aceitar os empregos mais ou menos..e a gritar por aí.. Há toda uma geração que aprendeu a gritar a comentar e a criticar tudo logo nos bancos da escola o tal "ensino critico" mas fazer pela vida poucos o fazem porque aprenderam que tudo cai do céu!!.Infelizmente soube o que é ter estado num desemprego de longa duração e não conseguir emprego e ter de se virar..porque se é velho demais para trabalhar novo demais para a reforma e se tem habilitações demais..e tal não impediu de educar um filho que sempre fez pela vida mesmo a estudar. Mas tudo isto não impede que se lute por um futuro melhor que nos manifestemos nas ocasiões que devemos, isso sim!! Agora reclamar e depois cruzar os braços quando não o deveriam , isso é comodismo e até ignorância.

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  19. Eu não sei do que é que voces estao a falar, eu ja enviei 700 curriculos e nem uma resposta para entrevista. Nao estou a gozar.
    Nao tenho direito a qq tipo de subsideos e a minha area que é a construção civil, congelou, sem qulquer espectativa de crescimento nos proximos anos.
    Ja tentei outros trabalhos varias vezes, limpesas etc. não me aceitam, pq tenho habilitaçoes a mais.
    Nao tenho qulquer problema em ganhar o ordenado minimo e na minha areá contam-se pelos dedos quem tem um contrato de trabalho, 95% sao recibos verdes falsos. Mas nem assim.
    As empresas que não fecharam foram as que conseguiram angariar trabalho em Angola, todas as outras morreram.
    E estamos a falar de um sector com milhares de pessoas, onde não ha volume de postos de trabalho noutras areas que consiga "receber" esta quantidade astronomica de gente sem trabalho.
    Vao ter que emigrar para onde a construção esteja minimamente activa. Ou pelo menos onde tenham outros sectores a fervilhar, que possam empregar estes milhares de pessoas.

    2w

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  20. o engraçado é que eu já escrevi sobre isto no meu blog e fui insultado á força toda.

    e tudo isso por dizer: que eu tendo 27 anos, estando desempregado, nao tendo direito a subsidios, teno algumas formçaoes eem varias areas, dizer que estava disposto a trabalhar, nao me preocupava por que salario( sempre era o meu e ganho por mim, alias uma das formaçoes que tirei tirei com o dinherioo ganho no pouco tempo que trabalhei) queria era trabalhar, dese que fosse em algo que pudesse fazer( cenas que exigam esforço a nivel fisico, de fazer força e isso, é mais complicado para mim), porque vontade de trabalhar e aprender nao me falta.

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  21. Não poderia estar mais de acordo com tudo o que escreveste. Eu tenho dois casos muito proximos de mim, um que ficou no desemprego já enviou carradas de curriculos e nada. Esse tipo de situações tambem acontecem, mas a verdade é que não ficou de braços cruzados e enquanto não arranja trabalho na area faz pão e bolos para os pais, que é disso que eles vivem. Infelizmente a nossa geração esta condenada a ter um curso superior e em muitos casos não lhe pode dar uso e tem de agarrar no que aparece para poder pagar as contas. Mas tambem há um outro caso muito proximo de mim de alguem que nunca trabalhou, tirou um curso superior para dizer que tinha um,e a meio da vida academica mudou de curso porque "o outro era muito dificil",isto foi dito pela propria pessoa, mudou para uma area sem saída nenhuma,e nos dias de hoje quase nos 30, continua sem nunca ter trabalhado, deixou de viver ás custas dos pais para viver encostada ao marido e aos sogros e com o passar do tempo pouco ou nada quer fazer. Enviar curriculos tá quieto, é melhor estar com o rabo no sofa enquanto os outros trabalham para pagar as contas. Essa pessoa em questão deve estar a espera que lhe apareçam em casa com um emprego (e não trabalho) feito á medida e de perferencia a ganhar muito, perto de casa para gastar pouco e se possivel que possa estar com o rabo sentado o dia todo.
    Este tipo de pessoas existem por aí em grandes quantidades, há quem não queira fazer nada e queira um emprego mas tambem há quem queira mesmo trabalhar e não consiga em nenhuma area.

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