24.7.15

6ªs são dias de desafios: Lost in Translation.

São tempos estranhos, estes, em que os ecrãs nos hipnotizam e em que desejamos desesperadamente ser salvos da monotonia, sempre à procura de estímulos externos contínuos, sempre numa demanda pelo ser feliz, caso a bateria o permita.
 
Não me recordo da última vez em que simplesmente desliguei o botão.
Em que só haveria tempo para respirar, olhar, falar, ver realmente, sem deixa-me postar este pôr-do sol, ou vou matar este segundinho morto, passe o pleonasmo, e fazer scroll down no Facebook.
 
É um pouco queixarmo-nos da doença e do remédio. Somos todos culpados do mesmo, porque sentimos falta do mesmo: tempo para parar e apreciar estar simplesmente a existir, sem contudo fazer por parar e fazer por existir de forma serena.
Como podemos esperar falar a mesma língua, sentir-nos ouvidos, reclamar atenção para nós, se nos distraímos com todos os artifícios que nos pareçam mais estimulantes que lidar com o dia-a-dia?
 
Fugimos para uma zona de conforto envenenada, onde nos sentimos seguros, alimentados a soro com doses constantes de ego, ao invés de procurarmos relações mais humanas, com mais toque, mais carinho, mais disponibilidade e, acima de tudo, com uma dose de realidade.
 
Não sou escrava do telemóvel, gosto de almoçar sem ter de estar agarrada ao telefone, fazendo com que os outros se sintam como um grande aborrecimento, um interlúdio na minha pegada digital. Ainda assim, uso-o mais do que deveria.
 
A vida não é #gin, #friends4life, #saturdaynightfever, #fashion, #in.
A vida é olhar para os outros com redobrada atenção, com redobrado afecto, com mais compreensão e estabelecer relações humanas, que não impliquem necessariamente um estado de facebook, uma foto de instagram, um tweet ou um pin.
É pegar no telefone e dar os parabéns. É estar presente nos momentos importantes dos outros. É perguntar, e querer ouvir a resposta, "como estás?!".
 
Os jogos, as redes sociais, os smartphones,...é tudo muito engraçado, até desaprendermos a relacionar-nos com os outros de forma autêntica.
A deixar de olhar para quem está ao nosso lado.
A deixar de falar a mesma língua e, no caminho, perder-se a tradução.

Assim, qual é a vossa relação com o telemóvel?
Dependentes?
Dão cabo do pacote de dados e estão sempre a tentar apanhar o wi-fi?
É a tecnologia amiga das relações humanas, ou estamos cada vez mais uma "ilha"?



9 comentários:

  1. Sou dependente por trabalho e por contacto com os amigos, mas em refeições faço tudo por tudo por ficar longe de mim e detesto que estejam ao meu lado a mexer no telemóvel em refeições. Mas temos de admitir que um dia vão surgir cursos para aprender a lidar com esta dependência. A verdade é que quando estou a viajar, a divertir.me à brava ou a descansar faço por não lhe pegar e desfrutar o momento :)

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  2. Gosto de estar medianamente a par do que se vai passando no FB world e afins..mas sou incapaz de postar cada minuto da minha existência....Em férias, quando tanta gente posta cada segundo do seu quotidiano, ainda estou menos ligada as redes...só quando estou mesmo "aborrecida" ou com insonias (ja aconteceu, eheheh) é que acabo por andar a passear na net...Quando me estou a divertir a grande nem me lembro que a internet existe :) não me parece que vá interromper momentos fantásticos com a ganancia de os postar e partilhar com o mundo...isso não faz nenhum sentido para mim...mas parece que faz sentido para a maioria dos users das redes sociais...

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  3. Bem a propósto, o ano passado fiz a travessia do oceano durante 14 dias e durante 14 dias estivemos completamente out, sem rede, net, telemóvel e sem qualquer problema nem anseios :D

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  4. Cada vez mais uma ilha e aborrece-me sair com pessoas, porque, sinto-me completamente sozinha à volta de gente sempre agarrada ao telefone.

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  5. Love me some Wi-Fi. ��

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  6. não sou de todo adepta de partilhar tudo da nossa vida, precisamente por achar que acabamos por perder o sentimento em relação ao que vamos vivendo: se deixa de ser só nosso e passa a ser possível traduzi-lo por palavras/fotos/hashtags, terá sido assim tão especial e único? afinal de contas, está ali para todos verem, reduzido ao que quisemos retratar.
    acredito que as tecnologias sirvam o seu propósito na maioria das vezes, mas reconheço que o ser humano é um bicho muito complicado que se queixa da solidão mas a prolonga freneticamente com esta necessidade de superioridade e de mostrarmos que estamos sempre tão felizes. tenho facebook, instagram, snapchat, blog. tiro fotos ao pôr-do-sol e a bolos saídos do forno, uso messenger para falar aos amigos que estão longe e na loucura filmo alguns momentos hilariantes. mas nunca fui (espero nunca ser) capaz de interromper a felicidade pela ânsia de a partilhar.
    tudo com peso e medida, acho eu :)

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  7. Tenho um telemóvel sem net. Abandono-o dias em casa sem qualquer dó nem piedade, sempre fui assim para desespero dos que tentam me ligar. Quando quero (ou me lembro) trago-o comigo, se não quero fica algures no conforto do lar. O pior são as chamadas profissionais , posso-me prejudicar á conta disso, mas é um preço que estou disposta a pagar. Acho o telefone um bocado chato.

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  8. Concordo perfeitamente com a sua opinião, sou muito desligada do telemóvel e recuso-me a ter facebook (tenho 23 anos). Acho que sou mais feliz assim, não quero ser toldada pelo que x ou y faz ou quando, isso irrita-me. Mas adoro ler algumas páginas públicas.

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  9. Queres mesmo que responda?

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