2.9.13

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O dia não amanheceu como os outros primeiros de Setembro.
Hoje não me sentia bem e mandei-me para o chuveiro, deixei a água cair, chorei, e só depois o cérebro me repetiu: é por isto que estás assim. E aí passei as imagens uma e outra vez na cabeça e soube exactamente porque tinha de me sentir assim.
Olhei para ele e não consegui reconhecer o mesmo tio, que adorava a velha nogueira na casa da minha avó, que tinha sempre um sorriso bem-disposto, que era poeta, culto, bondoso, que pegou em mim, que também me ensinou, por exemplo, a ultrapassar as coisas mais duras, sem perder o olhar doce.
Pressentia, infelizmente, o que acabaram de me confirmar e não consigo simplesmente aceitar que a vida seja por vezes tão dura, que nos relembre que quem manda é ela, que estamos à sua mercê, que não sabemos, de todo, o que ela reserva para nós.
A vida é sempre uma dádiva, mas é também, algumas vezes, uma merda.




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