7.6.10

Bla Bla Bla

Sempre achei curiosa a forma como os casais comunicam, especialmente quando conseguimos perceber claramente em que fase estão, seja no atropelo total de palavras no entusiasmo de querer saber tudo sobre a outra pessoa, seja nos silêncios cheios de significado.

Acho curiosa também a fase da ausência de palavras. De haver mais necessidade de estar, do que falar. O que é diferente de não comunicar. Acho deliciosos aqueles casais de velhinhos em que cada um escolhe um ponto aleatório onde fixar o olhar, cerca de 90º à esquerda da posição do ente querido. Fica-se ali, uma hora, duas, três, uma tarde...Nada. Simultaneamente há uma complacência com o que se tem, um reconhecimento do estatuto de cara-metade, um entendimento tácito que consiste em perceber até que ponto o outro irá ou não querer duas ou três batatas a acompanhar a vitela.

Será que depois de tantas horas a falar, chegamos a um ponto em que precisamos simplesmente de estar calados? E é isso cansaço ou apenas uma outra maneira de estar?

16 comentários:

  1. Não me parece que seja cansaço... Apenas deixa de haver a urgência tipica do início... Porque no início, não se sabe nada (ou quase nada) sobre o outro. Não se sabe quanto tempo ele/a vai ficar. Não se sabe como vai reagir, o que vai dizer. Com o passar do tempo, começamos a conhecer o outro. Muito embora as pessoas consigam surpreender-nos, sempre, o certo é que passamos a quase conseguir adivinhar o que o outro está a pensar. Apenas por uma simples troca de olhares. E as palavras deixam de ter lugar para os pequenos gestos, aqueles rotineiros, passarem a imperar. Isso é mau? Não acho. Mas é preciso ter alguma maturidade para entender que é uma evolução natural quando falamos em amor e não apenas em paixão! :) Bjitos

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  2. Praticar a gramatica do silencio é tao bom como falar horas a fio :P

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  3. Depois de 60 anos a aturarem-se um ao outro, quero ver se ainda existe vontade de falar :p

    Agora mais a sério, os meus avós por acaso não são nada assim, tanto os maternos como os paternos, sendo que cada casal já tem mais de 50 anos de casado em cima. Passam a vida a falarem um com o outro e na maior parte das vezes na rabugice. Mas é só amor..

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  4. Ah, e saudade para o Sr. Elias e a sua escelsa mulher.

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  5. Esse estádio parece-me admirável e surpreendente apenas no que à mulher diz respeito. Até porque normalmente uma mulher ficar muito tempo calada é sinal de que há merda grossa. Fazê-lo envolta no contexto que referes é absolutamente surpreendente, raro e complacente para com o nosso sistema auditivo (ou seja passamos ainda a gostar mais dela).

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  6. Acho que não é cansaço, é uma nova forma de estar. Poruqe depois de tanto tempo juntos, até o silêncio do outro tem significado.
    É amor, carinho, amizade, companheirismo, é uma vida. Aprende-se a dar e receber sem pressas e que para estar junto não são precisas palavras, ás vezes só o facto de estarem lado a lado já tem um significado imenso.

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  7. Sem dúvida nenhuma, o estar calado, o estar silêncioso é na maioria das vezes o silêncio mais poético, aquele que qualquer filho de deus pode sonhar em ter...

    bjus

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  8. Eu não acho o silêncio mau. O silêncio incomoda a maioria das pessoas. Mas, num casal, devia ser uma coisa natural, não constrangedora. (A tarde que descreves, vá, se calhar já é um bocadinho demais!) :P

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  9. eu acho tão romântico =)

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  10. Chama-se a isso cumplicidade. O silêncio sabe ser cúmplice.

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  11. É silencio ou nhe nhe nhe.

    voto no silencio!

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  12. Se calhar, só estão a praticar a máxima: se o que tens para dizer não é mais belo do que o silêncio, então não digas nada...

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  13. Com o tempo aquela paixão assolapada dá lugar a um amor mais contido. É lindo envelhecer a dois sentir que basta um olhar, um suspiro para se adivinhar o mais pequeno desejo. Acaba por ser um amor platónico que um dia foi muito intenso...

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  14. de uma netajunho 08, 2010

    Achei engraçado partilhar aqui um pouco da historia dos meus avós ou do meu avô.
    à dois meses atrás, a minha querida avó faleceu de velhinha... o meu avô que sempre a olhou e a tratou com mto carinho e amor ficou sozinho. Mais que perder uma avó senti que aquele velhinho ficou sozinho pk ela foi a companheira de mais de 70 anos juntos, de muitas histórias.
    Hoje, o meu avô n se esquece dela, mas esquece-se que ela morreu pk para ele n precisa de estar com ela, mas todas as noites antes de ir dormir faz a mesma pergunta "a minha catraia vai demorar?"

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  15. "S* disse...
    Chama-se a isso cumplicidade. O silêncio sabe ser cúmplice."

    Está tudo dito! :)

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