16.4.15

Vida, tortas na cara e o trágico-cómico de tudo isto.

Acho que por cada vez que a vida nos acertasse em cheio na cara, ela devia vir com tortas de natas na mão. Capazes de fazer alguém rir, de mascarar-nos a surpresa de sermos atingidos e dar-nos a humildade de sermos todos iguais aos seus olhos.
A vida não escolhe alvos, apenas instrumentos. Somos nós. Uns dias empunhamos objectos pesados, contendo coisas más de cores escuras, em outros, atingem-nos, como que a devolver o equilíbrio de alguma coisa.
Por vezes acontece a vida ser distraída e má gestora. Tal como nós, acha que é perfeitamente capaz de organizar-se nos afazeres, sem nunca deixar a comida queimar ou as luzes de casa acesas após sair para o trabalho.
É assim que acontecem disparates como as doenças às pessoas boas, a perda de capacidades a quem mais as exercia, as injustiças.
A vida trata de dizer-nos que ninguém é totalmente bom, com relatórios em Excel, resultados e quantificações. Explicando que ninguém gosta de ler números, que apenas queremos conclusões. Que as estatísticas foram inventadas para servir os nossos argumentos, nós dizemos que não queremos saber.
Queremos fechar os olhos.
Queremos tortas de nata, desta feita, na nossa cara. Havemos de as ter merecido em algum ponto da vida, mesmo que não as mereçamos agora. Só que assim, a pedido, apenas e só porque as injustiças dos outros nos ferem, podemos, enfim, esconder as lágrimas. Misturar o sal que nos compõe num doce camuflado.
Sorrindo pela surpresa, pelo cómico, escondendo que tememos pelos outros, a quem a vida já acertou antes de nós.

3 comentários:

  1. <3
    Escreves sempre com verdade, querida Rosinha.
    Granda beijo nessa cara, com torta de nata.

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    1. Fazes-me corar!
      /me super crente :D

      Beijinho grande

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  2. Se for torta de limão já não dá tanto jeito, pois o acido é capaz de doer nos olhos.

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