Regra geral fui o que se chama "uma criança fácil".
(Não porque tenha tido uma educação casapianinha, mas porque não dava muitas chatices aos meus pais.)
Ainda assim, recordo alguns episódios que culminaram com o meu rabiosque mais aceso, bem como um outro que passou incólume.
O dia em que comi 1 kilo de caramelos e sobrevivi a uma diarreia épica.
Os meus pais deixavam-me comer doces apenas ao fim-de-semana. O que se traduzia, claro, numa ansiedade relativa aos ditos. Não é de espantar, pois, que quando foram a Espanha e trouxeram 2 sacos de 1 Kg de caramelos, os mesmos me falassem, sibilantes, a todas as horas do dia "come-me...", "se esconderes os papéis, eles nunca vão saber", "mete em diversos locais, para se te apanharem, não perceberem que em vez de 10, já comeste 20". Daqui retiramos que os caramelos, quando falam connosco, são estúpidos e estão longe de ter ideias brilhantes.
Não só fui descoberta, como apanhei duas palmadas e, castigo divino, umas cólicas de bradar.
O dia em que andei no telhado de casa, um terceiro andar, coisa pouca, a acenar aos carros que passavam.
Acho que nunca fui descoberta. Se tivesse sido, saberia.
Ou pelo menos uma parte de mim teria sentido na pele.
Não só achava giro sair pela minha varanda e contornar o telhado da casa, entrando por outra janela, numa outra divisão, como incitei a minha querida amiga Bruna (Olá!) a fazer o mesmo.
Putos que acham que vivem perigosamente!? Meninos, ao pé de nós.
O dia em que escondi um pão com marmelada num daqueles ursos com zíper que serviam para guardar os pijamas.
Ultrapassa-me a mente brilhante que achou que putos metódicos iriam guardar o pijama dentro de ursos ocos de pelúcia e olhos esbugalhados. Obviamente aquilo servia para tudo, menos para a sua finalidade.
Acontece, igualmente, que nunca gostei muito dos lanches que os meus pais me mandavam para a escola. O panrico foi uma cena que apareceu depois e o pão rapidamente testava o material dentário que nos assistia. Era comum levar pão com marmelada. Entendam que para uma criança que via os pares a mamar 3 pães com tulicreme, levar marmelada em pão semi-rijo era um frustar de expectativas.
Certamente se entende que tenha escondido o pão intacto. Dentro da cena de guardar pijamas.
A minha mente brilhante ainda não comprendia o princípio de "Bolor" aplicado à comida. Infelizmente os meus pais sim. Pelo cheiro. Duas semanas depois.
O meu rabiosque, mais uma vez, viu-se contemplado com um belíssimo prémio.
Por hoje é isto, pequenotes, que o texto já vai longo.
Mimem os vossos pais.
Sei que tive muita, muita sorte com o meu.
Eras mesmo uma menina bem comportada. Ou estás a esconder os episódios secretos...? Aposto mais nesta segunda opção.
ResponderExcluirBem, eu só triturei um dedo numa trituradora da sopa, com 4 anos, e só parti a cabeça 11 vezes até aos 11 anos. Também não lhes dei grandes incómodos. ;)
Um exemplo de criança no verdadeiro sentido da palavra :)
ResponderExcluirBom dia
Ai credo, có horror, onde já se viu bater em crianças? Sabes o que digo? Considerando todas as asneiras que eu fazia (eu ia do telhado da minha casa até ao telhado do prédio 200m mais ao lado como quem ia pelo passeio), levei foi poucas palmadas na bunda. E não dou palmadas nas minhas filhas, excepto quando o merecem ;)
ResponderExcluirEu nunca me magoei muito, mas os que me rodeavam raramente ficavam incólumes. Lembro-me de um episódio na escola, deveria ter uns 8 anos e a professora lembrou-se que os meninos tinham que ser os jardineiros da escola, e a mim tocou-me um "sacho" para as ervas (descoordenada como sou), está-se mesmo a ver que o trabalho acabou logo ali porque eu rachei a cabeça a uma colega (sem gravidade), o meu rabiosque só não ardeu porque o meu não conseguiu conter o riso e a minha já não teve coragem de dar as que eu estava à espera.
ResponderExcluirDuas coisas:
ResponderExcluir- Eu, que morava numas águas furtadas num 3º andar, saía da janela de uma ponta da casa, passava por todo o telhado e ia entrar na outra ponta da casa. E vice-versa. E a casa era antiga daquelas com os tectos altos, logo o 3º andar era mais um 4º.
- Eu tinha um desses ursos e guardei lá o meu pijama...por 3 dias. Depois fartei-me. Escondi foi um pão com qualquer coisa dentro armário da roupa e criei um condomínio de fungos.
Safei-me de ambas as situações. Mas também fui um anjinho :)
Lendo este texto e verificando o item mais vezes referenciado no mesmo, o teu rabiosque, penso que te enganaste na tua última frase. Em vez de "Sei que tive muita, muita sorte com o meu." deveria ser "Sei que tive muita, muita sorte cu meu.". :P
ResponderExcluirOla :) eu, Bruna, me acuso.. A pequena Rosa Cueca não era o terror, mas tinha ideias bestiais!Tenho ideia também dessa história do pão e do urso!!! Ri-me muito com a história do dizermos adeus aos carros que passavam. Agora, à distancia, consigo perceber que as buzinelas não eram a retribuição ao nosso aceno :)
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