1.11.13

6ªs são dias de desafios: mortes sociais

Quem me conhece terá dado pela minha inaptidão social em comportar-me como uma pessoa normal. À primeira vista disfarço bem, mas já se sabe que não dá para manter a magia da morte social muito tempo afastada de mim.

Como por exemplo hoje de manhã, quando levei o G. à escolinha e, entretanto, cruzei-me com o pai de um dos meninos com quem melhor ele se dá. Ora, o G. ontem armou-se em campeão da piscina de bolas e ostenta hoje uma ligeira marca de guerra na bochecha, fruto do desvario e intenção com que se mandou para a acima citada.
Hoje, comentando com o pai o episódio, referi a tal expressão "marca de guerra", ao que ele ripostou com um "depois dizes que isso foi no Afeganistão". Ao passo que eu, em total paragem mental, disse "ou Angola 69, fazes uma tatuagem e tudo".
O problema? Bem...o problema é que o pai do menino terá, certamente, origem nas Áfricas e eu, completamente alheada das implicações da minha tentativa, pobre, em ter graça, disparei aquele singelo comentário, que me valeu uma ovação de silêncio.

Palmas para mim, em mais uma das minhas muitas vidas sociais que acabaram de cessar.

E vocês? Têm este infeliz dom?! Contem-me tudo!

10 comentários:

  1. Ai adorei! :D
    É algo que me iria acontecer de certeza.
    You are not alone!!

    ResponderExcluir
  2. Eu tenho o dom de acabar sempre por falar de gordos (por vezes de forma não muito bonita) à frente de gordos. Ou então dizer "sou preto?!" à frente de pretos.
    Vale-me que os homossexuais com quem me dou já se habituaram a eu falar de paneleirices e bichonas.

    ResponderExcluir
  3. Nessa situação eu teria morrido também…"Angola 69" e a respectiva tatoo "Amor de mãe" são expressões que uso recorrentemente para descrever "marcas de guerra".

    ResponderExcluir
  4. Ahahah! Às vezes acontece!

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  5. racial não me acontece, mas distrair-me com o meu volume acontece...

    ResponderExcluir
  6. Também carrego em mim o dom da vergonha. Se não passaste no pardeiro nos últimos dias, aqui tens a última: http://factosdetreino.wordpress.com/2013/10/30/em-busca-da-vergonha-perfeita-4/

    ResponderExcluir
  7. TenhoEpisódio real, ocorrido na faculdade:

    Em dia de exame, átrio principal, tudo à espera da hora. Ao fundo, as portas de entrada. Entra uma amiga vestida de preto e com "cara de exame", era uma cara recorrente que ela punha quando havia exames. E eu, palhacinho como sempre, entro logo a matar, com a intenção de aligeirar o ambiente. Digo «Parece que vais para um funeral!». Não recebo resposta, apenas um virar de cara.

    Depois... depois dizem-me que falecera um familiar da moça. Já toda a gente sabia, eu não, por isso acho que tenho desculpa (tenho, não tenho?).

    Há muito mais destas, mas agora mesmo não me lembro.

    ResponderExcluir
  8. Eu costumo desejar a morte ao Bambi, e daí para o forno, para servir com batata e salada. Os mais pequenos nem sempre compreendem. E se os mais pequenos não me compreendem ... que esperança posso eu ter em relação aos outros, right?

    ResponderExcluir
  9. Ui ui, eu era menina para ter dito coisas ainda piores, deixa lá...
    Aparte do facto de: a) ter-me esbardalhado toda à frente da creche inteira da miúda, com direito a slow motion na cara da professora da pequena; b) ficar estendida no chão porque o meu querido pézinho nem conseguia mexer-se; c) ter que pedir ajuda a dois trolhas das obras ao lado para me carregarme entre braços para dentro da creche, enquanto esperava pelo meu paizinho porque o marido estava numa reunião importante e não podia mesmo sair; d) chorar de dores - não me aguentei - à frente das directora, psicóloga, educadora e senhora da limpeza da creche; e) sair dali passados uns 20 minutos, ao colo do meu pai.
    Ainda hoje, 6 meses passados, uma senhora das limpezas (nova!!!) me perguntou: "ah, você foi a mãe que caiu não foi? Já está melhor...?" :|
    Fora isso, sou muito boa com as coisas ditas (not). Sou capaz de já ter dito a um colega preto que "me vi negra para cá chegar"; respondi a um elogio de outra colega acerca de como o meu cabelo é lustoso, com a frase inteligentíssima "so, I'm like a poney?"; já pintei os lábios sem olhar para o espelho e andei uma manhã inteira a parecer o Joker do Batman, no trabalho; já dei os parabéns a uma "grávida" que só carregava no ventre gordurinhas a mais; já inventei uma data de palavras em francês quando falo com as educadoras que as fizeram olhar para mim com cara de pena (da miúda, claro); já caí dentro de um caixote do lixo em miúda; já fui ter com uma pessoa no meio da rua, dei-lhe dois beijinhos e depois é que reparei que não era o meu primo, como eu pensava; já fiz figurinhas tristes no trânsito, tirei fotos de bico e um homem do carro ao lado riu-se. Depois estacionou ao meu lado, na garagem do trabalho.
    E isto tudo só o que me lembro, de agora. E já para não falar dessas imcompetências quanto a "respostas formais" do tipo de responder a alguém que te diz "obrigado", "igualmente" ou "bom apetite".
    And I rest my case. Acho que levo a taça.

    ResponderExcluir