O português e a comida.

Para um português digno desse nome, comida é religião. Depois dos Fado, Futebol e Fátima, devia haver um F adicional só para a Feijoada.
Para nós comer é um prazer, que por vezes nos tolda um pouco a visão, vejamos:

• Se alguém sugere ir a um sítio gourmet, a malta engelha logo o nariz, porque nesses sítios "não estou para comer 3 ervilhas e uma amostra de peixe com molhinho paneleirinho por cima".
• Um casamento com menos de sopa, 2 pratos principais, bolo de casamento, mesa de doces e caldo verde no final, não é um casamento, é uma afronta.
• Onde há cocktail, há português, porque há sempre, invariavelmente, uns croquetes e chamuças.
• Nas festas de aniversário, vergonha não é comer tudo, vergonha é não ter feito o suficiente para deixar sobrar e andar uma semana a comer rissóis requentados.
• Qualquer ocasião digna de celebração, tem de incluir comida. E muita.
• Nos jantares oferecidos, não há como distribuir tupperwares com aquela sobremesa que sobrou, afinal, a malta não gosta de engordar tudo sozinha.
• Vamos a meio da manhã e já pensamos no que vamos almoçar. Vamos a meio da tarde e já sonhamos com o jantar.
• Ostentamos perímetros abdominais de valor, provando que sabemos envelhecer junto das coisas boas da vida.
• Refeição não está completa sem uma sobremesa e um cafézinho.
• Podemos poupar em quase tudo, mas na comida não.
• Estamos sempre à procura de um restaurante novo para ir.
• Almoços de família sem pelo menos duas sobremesas, não são almoços de família.
• Se Jesus nos quisesse magros que nem espetos, não tinha feito a gastronomia portuguesa tãaaaoooo boa!

E aí têm: o que a malta gosta é de um bom petisco!