23.1.13

O que falta a Portugal.

O que falta a Portugal é reduzir os pseudo-iluminattis. Cortar com tantos que não conseguem ter uma opinião original, um olhar verdadeiramente crítico, que lêm aqui e ali, cortam e colam no seu discurso, e se acham com o dever cumprido: eu fiz a minha parte, o meu pensamento ajudou os demais a ver a verdade do nosso país.
Poucas coisas me causam mais sorrisos amarelos, que emproadinhos com mania que são boys da política. No entanto, conseguem ser menos maus que os efectivos boys, que nada sabem dizer sem o seu ventríloquo estatal ordenar.
Há falta de pessoas que entendem verdadeiramente o que se está a passar e temo que essas tenham já fechado a voz ao mundo ou desistido de impulsionar novas linhas de pensamento. Talvez esses sejam maus à sua maneira, desaproveitando o conhecimento, em prol de desmotivação face à mudança, que nunca acontece por sua obra.
Se escalonarmos a nossa sociedade, o comum cidadão não é melhor. É como aquela mulher que sucumbe a um sedutor, se este lhe souber falar ao ouvido. Tudo o que lhe interessa são as palavras que lhe são ditas, porque as que ficam por dizer, e que serão a derrota delas, não interessa explicar.
Há ainda os cronicamente cansados. Cansados da crise, dos outros, de não ter dinheiro para ir de férias, os que "vão andando". Se for assim está bem, se for assado, queixo-me, mas está tudo bem na mesma, porque nunca serei como aquela família de 6 do 1º B que ainda ontem pedia leite à porta do supermercado.
Todos somos políticos de bolso, achamo-nos capacitados, válidos, com uma voz.
Tenho alguma relutância em aceitar essa ideia, quando sinto que nada sei sobre a verdade, se ela me é escondida diariamente, vivendo alegremente ao lado do relógio dos que tudo enfiaram nos seus infindáveis bolsos.

12 comentários:

  1. Afinal Cueca sabe escrever a sério, mas mensmo muito a sério.
    Dois posts em 24 horas, um de carga doce poética e romântica e este de soco no 'confortably numb mode' em que muitos de nós caímos...
    Não me interprete mal, gosto muito da linha do 'Crónicas' Non-sence...mas tenho um 'fraco' por escrita a sério. E isto É muito a sério. Força nesta vertente, quiçá outro blog ou mesmo a publicação dos textos que até hoje não teve coragem de expor?...eu continuarei a vir.

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  2. Não sabe a Rosa nem a maioria. E ler ler jornais e ver telejornais não adianta. Não são mais do que gigantescas sessões de sexo oral: Cada vez que falam é para nos copular.

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  3. Era cortar com eles todos.
    É uma pseudo sociedade que finge ser sociedade a sério e que nos embrenha num estado latente de "nao podemos fazer nada contra".
    Beijinhos

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  4. Mas todos temos uma voz, que podemos e devemos usar sempre que há eleições.

    Num país de puro analfabetismo público (não digo "político" porque a res publica está esquecida em prol do nepotismo puro), não é de espantar que boa parte da população se reduza ao seu pequeno mundo. Eu próprio gosto de recuar para essa minha zona de conforto de vez em quando.

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  5. Como já disse um dia no "Confissões de uma mente depravada", Portugal encontra-se pejado de proto-intelectuais, pessoas que só sabem debitar meia-dúzia de frases soltas e cujo efectivo contributo para o desenvolvimento do país é nulo. Há que arregaçar as mangas, trabalhar e parar com esta mania de imputar a responsabilidade em Deus e no mundo, menos em cada um de nós.

    Portugal foi arrastado para a actual situação em que vive por um bando de bastardos colados ao poder e à banca e agora quem sofre é o cidadão comum que não faz a menor ideia como irá ser o seu dia seguinte, vivendo numa constante angústia sobre o futuro.

    O mais preocupante em Portugal é perceber a falta total de perspetiva de futuro, de via alternativa, pois a maioria dos sectores que sustentam a economia está ocupada por autênticos parasitas do sistema, contra os quais não se consegue lutar. Por isso, resta-me trabalhar, agradecer esse mesmo facto (ter um trabalho, sim, chegámos ao ridículo deste ponto) e esperar que a história se encarregue de fazer justiça ao povo que foi alvo deste saque especulativo.

    P.S. Não, eu não sou do Bloco de Esquerda e acho que os gajos que cospem fogo no chapitô deviam meter as tochas na peida e arranjar um trabalho a valer.

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  6. Se calhar também poderá ser essa percepção de que uma pessoa nada sabe da verdade, uma vez que esta lhe é escondida diariamente, que faz com que muita gente se cale. Ache que é um acto de bom senso ficar calado quando o conhecimento para falar não é total.
    Talvez seja um mal menor... hoje em dia há tanta coisa de tudo que o reclamar justamente pode ficar para segundo plano. Se isso é justificação plausível ou não... isso é que já não sei. Cada um sabe de si... Talvez a prioridade de muitos seja melhorar tudo. Talvez a prioridade de outros tantos seja simplesmente nunca ser como a família de 6 do 1º B.

    Ah... e adorei a analogia com a mulher seduzida. Perfeita!

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  7. Não passamos de treinadores de bancada, no desporto ou na política. É o nosso ADN! ;)

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  8. Sabes Rosa... eu já não critico porque também eu não tenho solução para os problemas do País e de todos os Portugueses. Vou-me ajustando à realidade e tento rir.

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  9. "eles falam falam e nao fazem nada". Nao precisamos de politicos, precisamos de lideres, de quem arregace as mangas e faca alguma coisa. Pessoas com vontade de trabalhar e nao malta que se encoste a sombra da bananeira e ao tacho. e depois temos uma incapacidade grande de nos unir e tentar mudar as coisas. tanto estamos no cafe a discutir "politica" como a seguir mudamos para o futebol. assim nao da.

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  10. Tu andas mesmo séria e boa escritora. ;)

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  11. Isto só dará um passo em frente quando perceberem que essa gente não é a solução, mas sim grande parte do problema.

    A esfera do poder está pejada de gente inútil. Não gosto de colocar toda a gente no mesmo saco, mas são poucos os que se aproveitam. Como já tive a oportunidade de escrever em tempos, vivemos numa sociedade que despreza a meritocracia, e isso é muito, mas mesmo muito grave.

    Solução? Não faço ideia. Mas penso que passará por uma maior intervenção das pessoas ditas "comuns" nos centros de decisão. E quando refiro centros de decisão, não estou obviamente a falar da AR, pois o acesso à mesma é naturalmente reservado aos "provilegiados"... Refiro-me sim às Assembleias Municipais, às Juntas de Freguesia, e por aí em diante. Começar por baixo, para um dia chegar mais longe.

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