15.7.14

Experiências: Parque de Campismo da Tocha

Porque me cansa a beleza ler tantas e boas reviews de sítios oníricos e paradisíacos e quejandos, achei por bem dar-vos a conhecer outras realidades, abrindo os vossos, já de si muy expansivos, horizontes.

Criança (quase) nascida e criada em tenda, habituada a fauna e flora diversa, cedo me acostumei a frequentar os sítios mais exclusivos. Tal era o Parque de Campismo da Tocha.

Um kids-friendly place, fazia as delícias de quem procurava novas amizades. Fossem as gémeas holandesas de ar duvidoso à beira da piscina, ou os milhentos mosquitos que teimavam em nos acompanhar onde quer que fôssemos. Um verdadeiro encanto, em que me perdia a jogar à apanhada e ao esconde-esconde com esses seres pequeninos, lamentavelmente, perdendo mais vezes que aquelas que gostaria.

Óptimo para um bronze uniforme, qualquer local era ideal para bronzear, sem qualquer necessidade de colocar um pé na areia. Dada a parca existência de árvores, podíamos desfrutar de zonas de sol em Agosto como em poucos locais, sempre com uma brisa inexistente e uns amenos 39ºC.

As instalações sanitárias eram do mais minimalista, ênfase para as luxuriosas sanitas, com tanto feng shui que nem tampo tinham, evitando as eternas discussões familiares de tampo para cima/tampo para baixo. As férias são para descanso, não conflito.

A hora do banho? Ahhh, um prazer! Com o tempo contado de água quente, éramos agradavelmente surpreendidos com jactos de água siberiana nos costados, sempre antes dos tais 5 minutos que a moedinha, supostamente, nos permitia. Quais cascatas de centros de wellness, aquilo é que era bem-estar!

Quando chegávamos, ainda com aquela tonalidade perto do molusco, sentíamo-nos deslocados, é certo. Mas tal feeling cedo terminava, assim que uma tímida aragem levantava o pó do chão, direccionando até aos nossos critical points aquele pózinho mágico que nos conferia uma iluminação e bronze naturais. Ar de terracota, diria.

Que dizer da alimentação? Pitoresca, trazida até nós através das hábeis e sensíveis mãos do Chef Silva, variando entre entremeada grelhada ou sardinhas com sabor a entremeada do dia anterior.

Um local de descanso, um retiro espiritual, sem qualquer tipo de interferência do mundo, funesto, exterior. Descanso, esse, apenas interrompido por breves momentos, quando alguém tentava decidir quem colocava a extensão da electricidade, para poder ver, já então, o nosso querido Fernando Mendes.

Como vêem, são experiências destas que fazem a vida valer a pena.
Se puderem, ou alguém vos ofertar por serem assim pessoas tão de bué de espectaculares e maravilhosas, não percam esta oportunidade única!

10 comentários:

  1. Brutal descrição de um parque de campismo. Hilariante : )

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  2. Algumas das minhas doces recordações de férias de verão têm como cenário a Praia da Tocha. Nunca fiz lá campismo, mas ainda sou do tempo do palheiros plantados no areal (credo, isto faz-me sentir tão velha!). Gosto da Tocha, gosto da simplicidade daquela gente. E tem toda a razão, são mesmo estas experiências que fazem a vida valer a pena :)

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  3. ahah tenho experiência semelhante, mas no Parque de Campismo da Torreira. só faltou referir as formigas, esses seres omnipresentes na roupa, na cama, na comida...

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    1. As formigas fazem parte do welcoming staff ;)

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  4. Opa, mas não é que são mesmo experiências que fazem valer a pena?!
    Também gosto de conforto, não digo outra coisa, mas isto é que são férias como me lembro! Isso e os Verões na casa dos avós a ir brincar nos sotãos poeirentos, a tomar banhos no tanque, arrancar batatas (de brincadeira), ir aos riachos, ou "ao monte" apanhar flores e bichezas estranhas.
    No que depender de mim, a minha filha terá estas experiências todas! ;)

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  5. Aaaaah, que doces memórias me trazes daquele Parque! De quando a fila para o banho estava tão gigante que, pelo tempo de água quente a que tínhamos direito, valia mais tomar banho nos chuveiros da rua... Da técnica do balde para as noites na tenda-longe-da-casa-de-banho... Da diversa fauna que as árvores atraem, incluindo insectos voadores de envergadura considerável e aracnídeos avantajados... De quando o meu gato trepou a um pinheiro e foi o caraças para o tirar de lá... De quando subi o escorrega ao contrário e abri o queixo, tendo de ir pra cantanhede para levar uns míseros pontinhos... Ou de quando uma cadelita entrou dentro do meu avançado, onde estava preso o meu cão, e acabou por aparecer grávida umas semanas depois... aaaah bons tempos. Foram muitos anos a acampar lá. Primeiro com uma tendita familiar que por lá ficava nos meses de verão, mais tarde com uma auto-tenda para campismo anual, que a minha mãe gostava mais daquilo que de batatas fritas (e foram muitos fins-de-semana de inverno/primavera/verão/outono a caminhar para aquele fim de mundo, completamente deserto àparte o mês de Agosto).

    Deixei de ir para lá há uns 4 ou 5. Pouco tempo depois, as casas de banho foram remodeladas e agora até uma piscina lá há dentro. Já não há respeito pelos velhos clientes!

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    1. (*"lá há dentro" do parque, não das casas-de-banho, obviamente ;D )

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  6. Parei na parte das piscinas. Não me lembro de haver piscina no Parque de Campismo da Tocha! Não me digas que passe lá tantas férias sempre ao engano?

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    1. A piscina é recente, no meu tempo não havia, mas quem for agora já está com mais sorte.
      Normalmente optávamos pelo parque de campismo da F. Foz (esse sim tinha piscinão! :D)

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  7. "Campismo: Passar a noite num hotêl que não coloca um bombom na almofada."

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