17.12.12

Algo que me irrita profundamente?

O elitismo profissional.
Achar-se mais que alguém porque se tirou um curso de médico, engenheiro, arquitecto ou advogado.
Nada contra as profissões em si, ou desmérito para o esforço de cada um.
Mas nem todos podemos ser médicos, arquitectos, engenheiros ou advogados.
E mais importante? Nem todos queremos. Muitas vezes, ao contrário do que se pensa, não é por falta de capacidades, é por falta de vocação ou interesse.
E o curso, muito honestamente, não torna alguém, por si, mais inteligente ou mais interessante.
Uma profissão não é quem somos e muito menos nos dá direito de olhar de cima para os outros.
Já vi médicos verdadeiramente acéfalos, sem humanidade, sem capacidade de conseguir sequer falar com os outros e já vi mulheres-a-dias que conseguem ter uma conversa interessante e inteligente, humana.
E, claro, o vice-versa.
Por isso me chateia cada vez que vejo alguém tratar menos bem uma pessoa, só porque se acha melhor que ela. Newsflash: o mundo está cheio de gente estúpida.

24 comentários:

  1. 1. Cerca de 50% dos advogados que conheço têm a cultura geral um QI semelhante ao de uma morsa. E já estou a pecar por defeito. Hoje em dia, um "bom" advogado é aquele que trabalha que nem um burro de carga sem se queixar, não é o mais inteligente ou o mais desenrascado.

    2. Eu sou advogado mas não gosto da minha profissão. Muito honestamente, gostava de ter um trabalho sem responsabilidade. Ninguém me leva a sério quando digo que o meu sonho é trabalhar nas portagens. Havia de ter uma vida santa...

    3. Nem toda a gente teve as mesmas oportunidades para se "cultivar". Não é por teres muitos mestrados, pós-graduações e licenciaturas que vales mais que alguém que não as tenha. Claro que são uma mais-valia, mas uma pessoa que tenha maiores facilidades de financiamento (leia-se, "paitrocínio") terá automaticamente mais facilidade em obter tais qualificações.

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  2. Os cursos não fazem as pessoas, mas ajuda em muitas coisas! Não acho bem claro que quem tem cursos se ache mais que alguém que não tem, pois isso já é falta de humildade e egocentrismo a mais!

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  3. Faço o que adoro e não é nada de elitista. Não trocava por nada.

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  4. O padre da minha freguesia quando está a rezar missas por alguém que morreu e a pessoa é licenciada em certas áreas ele diz " missa em nome do engº xxxx" , mas se for um trolha ele diz só o nome da pessoa!

    Enfim :s

    *

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  5. Concordo plenamente contigo.
    Até no secundário isso já acontece. Criticam os alunos que seguem Humanidades porque ciências é que "deve" ser o curso correcto. Há muito mais que a aptidão... há o interesse.
    Quem é feliz em algo que não gosta ou não tem aptidão?
    Eu segui letras porque é com isto que me identifico e há alunos, pais e professores que criticam o curso de humanidades que muitos pensam ser fácil mas NÃO É.

    Em adulto também acontece isso e não entendo porquê. Não temos que avaliar as pessoas pela vida profissional.

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  6. Eu também sou advogada e concordo com o Dexter: muitas vezes os bons advogados/ médicos/ arquitectos/ engenheiros são apenas os que trabalham mais horas, não são os mais inteligentes, desenrascados ou interessantes. Detesto pessoas que só sabem falar de trabalho e, pior, que tratam qualquer empregado mal, só porque é "apenas" um empregado. O empregado do café onde costumo ir comentou comigo há dias "é advogada? olhe que não parece nada... é simpática". E isso deixou-me, sinceramente, muito triste pela forma como a profissão é vista.

    pippacoco.blogspot.pt

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  7. Assino por baixo. Com o nome que os meus pais me deram e que vem no BI, sem o Dra que o curso me deu mas que não uso porque sou exactamente igual a todas as outras pessoas.

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  8. "Mas nem todos podemos ser médicos, arquitectos, engenheiros ou advogados."

    Nem todos podem ser eng. informáticos :P

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  9. Concordo completamente. Eu sou engenheira e detesto que me tratem por tal, faz-me sentir velha. Porra, só tenho 25 anos, sou uma menina! :p
    Mas ao contrário do que o Dexter afirma para os advogados, na minha área quem melhor se safa não é quem mais trabalha, também conta, mas muito do que se consegue vem de se ter alguns neurónios e de se ser desenrascado.
    Isso que falas de olhar de cima para os outros vejo-o muito na empresa em relação ao pessoal das limpezas. Faz-me confusão e irrita-me profundamente!

    Infelizmente, Portugal é um país onde parece que o "título" vale tudo. Aliás, basta ires a um banco fazer um cartão e eles sugerem que coloques o Dr., Eng., etc, antes do nome porque "passa a ser tratada de outra forma"... É triste mas é verdade...

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  10. O que me irrita mesmo é olharem me de lado quando me ouvem dizer o nome do meu curso... ser professor hoje em dia é como não ser nada (exagero, eu sei, mas pra muitos ja nao e uma profissao digna.. quando devia ser a mais respeitada das profissoes!). enfim.

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  11. Hoje em dia até parece o contrário: Com a conversa dos licenciados desempregados até olham para mim como se tivesse passado a vida enfiado numa biblioteca e saído há pouco tempo para o mundo real.

    Preferia fazer algo de produtivo e fisicamente activo. Estar sentado o dia inteiro à frente de um ecrã é muito limitado. Essa sensação de desequilíbrio faz com que perca motivação e isso acusa no trabalho, para não dizer em tudo o resto.

    Dexter, fez-me lembrar isto: "Khadidja detestava aquele tipo de homens que sentiam prazer em se desvalorizar a si próprios. Regra geral, era sinal de excessiva presunção".

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  12. Subscrevo...ainda hoje as cartas aqui aparecem assim Drª isto ou Jornalista aquilo...n sou uma nem outra...pelos vistos sou várias...lolololo e n sou nenhuma e n tenho pena de n ser...Faço o que gosto :)

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  13. Eu sou advogada e detesto a profissão, os "Exmos. Colegas", as fatiotas, os rituais, as cunhas, os formalismos, enfim...quase tudo. E detesto que me chamem de Dra. quando percebem que tenho esta profissão. E ficava aqui o dia todo a queixar-me das parolices todas que se encontram neste meio.

    Concordo contigo :)

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  14. Essa é uma das coisas que me irrita profundamente... Às vezes só me apetece esbofetear certas e determinadas pessoas devido à falta de humildade que apresentam. Para mim esse tipo de pessoas são burras! Aliado a esse pensamento retrogado vem também o nome da instituição do curso, que é sempre mais prestigiante do que a do vizinho do lado (normalmente vindo das mesmas pessoas). Infelizmente no meu local de trabalho o posto é definido pelo título e ai de quem não chamar Doutora ou Doutor (por extenso, claro), é logo considerado reles, desrespeitoso e coisas mais... Infelizmente é o país em que vivemos.

    PS - Dexter, a do "paitrocínio" é muito boa e uma grande verdade! Muitas vezes também é "avotrocínio" ou ainda "padritrocínio" (conheço alguns).

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  15. Pouco há a acrescentar ao que já aqui escreveram.

    Durante uns tempos, confesso que gostava de caricaturar esse tipo de pessoas elitistas e arrogantes (talvez se devesse ao facto de estar rodeado de várias: quem faz piadas bebe inspiração, normalmente, do que o rodeia). Depois apercebi-me que isso não funcionava, porque há um certo tipo de gente que nem para fazer humor serve.

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  16. Fui rotulada de burra no momento que entrei no secundário, escolhi humanidades. "És idiota, devias ter ido para ciências! Quiseste fugir à matemática". Não! Eu vim por vocação, adoro trabalhar com pessoas. O meu sonho é entrar na Escola Superior Artística do Porto e tirar uma licenciatura em animação e produção cultural. Adorava trabalhar com idosos, resultado? Sou uma doida varrida que não penso no futuro que era mais inteligente caso tirasse direito, economia e mais não sei o quê. Poupem-me senhores! Não admira que exista tanta gente frustrada com a vida profissional. Os meus pais a mim ensinaram-me que devo seguir os meus sonhos e que as pessoas não se definem por títulos.

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  17. concordo inteiramente com este post, o pior das pessoas estupidas é que querem sempre tornar os outros estúpidos.

    Na realidade somos um povo muito atrasado em termos civilizacionais e ainda sobrevalorizamos a habilitação académica.

    Devíamos valorizar o ser bom em determinada profissão e não dar graxa às profissões bem remuneradas.

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  18. Como eu «sofri» com esse tipo de situações com as minhas escolhas profissionais ao longo da vida.

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  19. ainda esta para vir o dia em q o curso define a pessoa. muita gente quer acreditar que sim, mas nao e. como dissest e bem nem todos temos vocacao para o mesmo. eu nao segui direito pq achei q acabava no desemprego, para medica nao tenho vocacao nem para arquitecta. isso faz de mim uma pessoa de classe inferior? so na mente de pessoas inferiores e tenho dito

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  20. O teu marido tem mesmo razão, o curso não faz de nós quem somos, é apenas mais uma escolha no universo das milhentas que fazemos. E se soubesse o que sei hoje te garanto que não seria economista, ia preferir uma profissão sem grandes responsabilidades, como diz o Dexter, ou teria seguido a minha verdadeira vocação, mas isso já são outras contas :)

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  21. Nada a ver com o tema mas concordo com o Richter, a profissão de professor é aos meus olhos muito nobre e choca-me a histeria que existe, nesta actual sociedade portuguesa, contra os professores. Acho que isto é sinal de pais atrasado. Inclusive já assisti mais de uma vez a pais a ensinarem aos filhos de que não devem respeitar os seus professores, uma tristeza.

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  22. Luís, ainda hoje falei da Linha Negra ;)

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  23. Partilho a tua irritaçao. Principalmente sabendo que a classe mais estupida que existe sao os engenheiros (principalmente os civis).Ja pensei seriamente em escrever para o ISEL a sugerir a inclusao de cadeira "formaçao educacional"...e que nao vejo diferenças entre os engenheiros civis e os pedreiros. putz

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