Síndrome da miopia de amor.

Isto é uma metáfora que pelo menos os míopes irão compreender, já que lidam há muito com o fenómeno de não ver bem ao longe.

(o que leva a que invariavelmente sejam aquela pessoa anti-social que ignora quando acenam lá do fundo e deixam a pessoa que teve a bondade de acenar a pensar "a lata daquela cabra, a fingir que não me conhece"!)

 

Adiante.

Quando uma relação termina ocorre frequentemente esta coisa da miopia do amor.

Aquele jeitoso/a que abanou o nosso mundo, e teve em nós um efeito semelhante ao leak de 4 episódios de Game of Thrones depois de um ano a seco, que ao longe parecia tão perfeito/a, de perto, afinal, deixava muito a desejar.

O curioso deste fenómeno da miopia é que é mutável, consoante a fase de negação pós-separação em que estejamos.

O ciclo é o seguinte: de espectacular passa para sofrível e de sofrível passa a afinal nem era assim tão mau, meu deus, o mercado está uma merda. Depois disto, é esperar por novo príncipe/princesa, que recomece o ciclo de "nunca tive alguém assim, somos almas gémeas".

 

O mal nestas coisas é que ninguém tem óculos de vista progressiva, portanto, estamos um bocado à mercê das nossas hormonas, essas sacaninhas que tendem a ter um poder de escolha semelhante a um optometrista a brincar ao "então veja lá agora". Mas em sádico. E com aquele riso suíno-com-ronco.

 

(Agora mais a sério: os problemas do coração estão lá e dificilmente desaparecem só porque queremos muito. O raio da miopia é um subterfúgio que arranjamos para parar de dar cabo do stock de kleenex - ainda que ninguém compre já kleenex, toda a gente sabe que é lenços continente)