11.5.13

Odisseia: decidir sair com o puto para algum lado.

As pessoas que não têm filhos não têm noção da implicação de andar com um puto bebé atrás para qualquer programa social.
Se por acaso o miúdo não veio, perguntam logo "então e o pequenino não veio, porquê!?".
Imediatamente penso: porque é suposto eu ter alguns momentos mentalmente sãos?
Mas respondo: "ahh sabes como é, estava cansadinho, ficou a dormir".

Ponto 1: quando é para sair, os putos nunca estão cansados.
Se estiverem, dormem no carro, acordam e tornam a vossa vida num inferno porque não dormiram o suficiente e só descansam quando vocês levantam os braços ao céu, perguntam porquê eeeeuuuu!? e decidem ir para casa, para que ele possa dormir mais, mesmo tendo já dormido mais que a conta nesse dia.

Ponto 2: mesmo que os bebés já tenham feito o nº 2, vão fazê-lo quando saírem.
É matemático. Se por um infortúnio vão numa auto-estrada e têm de esperar pela próxima estação de serviço, preparem-se para agarrar no ambientador e snifá-lo até à exaustão, porque não vai ser bonito conservar as janelas fechadas. Se se esqueceram de toalhetes, posso apenas dizer: estão f*didos.
(aahhh que episódio lindo me vem à memória, no Freeport, em que tive de ir comprar mais uma muda de roupa porque o menino fez diarreia até ao pescocinho amorosinho - deu todo um novo sentido à expressão "transferência")

Ponto 3: ele vai sempre, aparentemente, portar-se minimamente bem à frente de estranhos.
A missão de vida de um bebé é descredibilizar-vos socialmente. Nem se atrevam a dizer: ahh ele não se porta muito bem, anda um terrorzinho. Tudo o que os outros vão ver é aquela criança adorável que vos está a puxar o cabelo até ao chão...por puro amor. A vossa teoria de que deram à luz gremlins não vai pegar.

Ponto 4: nunca vai querer a comida que lhe trouxeram.
Eles só vão querer o que vocês estão a comer. Se não lhes derem Coca-cola (compreensivelmente), vão chorar, espernear e gritar até terem de se levantar da mesa, claramente embaraçados por não se quererem tornar naqueles pais que têm o puto que chora mais alto, e ir levá-lo a arejar e regressar ao paraíso: a mãe só para ele.

Ponto 5: ele vai querer sempre estar ao vosso colo.
É natural que os outros queiram pegar na criança. Contudo, o habitat do pequeno é composto pelo colo e cheiro da mãe, o que sai deste escopo é apenas um frete dele a ver se convence alguém a dar-lhe uma batata frita. Entre ele e os elefantes do Jardim Zoológico, a diferença de motivação é a campaínha.

Ponto 6: ele vai cagar a roupa dele...e a vossa.
O meu filho neste momento atingiu a coordenação motora equivalente à da mãe: ou seja, extremamente limitada. É frequente ver-me deitar copos abaixo (saudades daquela sangria Miss Complicações? :P), ou sujar terceiros enquanto como. Sim, não me sujo a mim, sujo os outros e é uma grande mágoa social minha, ok? Pois bem, o meu filho é igual, exceptuando que também se suja a ele mesmo.

Ponto 7: o choro é uma melodia nos vossos ouvidos.
...Claramente habituados a ele. Tudo será objecto de birra. Porque o sumo nãoe stá fresco o suficiente, porque o pão não pode ser em baguette, porque a cadeira é muito alta, porque quer ir para o chão, porque o empregado sorriu para ele...estão a perceber, não estão?

Ponto 8: o evento social é composto por: vocês, a criança, os amigos...e os brinquedos da criança.
Que ocupam dois terços da mesa. (E que mesmo assim não serão suficientes para o manter entretido mais que 30 segundos).


Contudo, lá porque o miúdo ficou em casa, não quer dizer que uma mãe não sinta a falta dele todos os segundos, correndo as fotografias do telemóvel para ver a coisinha mai linda que produziu.

7 comentários:

  1. ehehheh, muito giro e lúcido!
    ´Mas confesso que crianças só me entusiasmam tendo uma boa "rede de apoio" por essas mesmas razões...

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  2. Tudo verdadinha!
    Faz parte e é tão boooooom que depois deixa saudades!

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  3. Definitivamente não estou habilitado a ser pai, ainda :P

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  4. Estou prestes a entrar nessas andanças... Oh well... :P

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  5. Gostei da tua descrição. É isto mesmo.

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  6. Fantástico! Ao ler este post estou nitidamente a rever-me. Pensava que só os meus pequenos é que tinham esse dom, mas fico contente por ver que não estou sozinho nesta luta! :)
    E, no meu caso, ainda pior: é que eu tenho dois, o mais velho com 4 e a mais nova com 2 anos e estão sempre em competição a ver quem é que faz mais "merda".
    Muitas vezes acabo por não sair, porque já sei no que vai dar. Então em restaurantes, acho que conseguimos chamar a atenção de todos as pessoas que estiverem no estabelecimento.
    Pois é, como te compreendo.

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