26.9.13
Problema de elevador.
Confesso que é um local de amor/ódio para mim: se por um lado liberta os meus doces pés de um sofrimento atroz escada a cima, escada baixo, em saltos altos, também é verdade que reúne algumas questões que me deixam de pé atrás.
Para já, a pessoa que inventou os sensores de movimento para o abre-e-fecha-portas era um sádico de primeira. Não consigo entrar num elevador sem sentir o síndrome Indiana Jones preso num buraco imundo com as paredes a fechar-se sobre si e a vida a andar para trás. Já andei com negras nos braços à conta disto, não andamos aqui a brincar, ein! Nem falo no embaraço social, que a esse já estou, infelizmente por conta própria, habituada.
Depois, é bastante incomodativo partilhar o espaço exíguo de um elevador com estranhos. Não sei quanto a vocês, mas para mim o elevador é sinónimo de ajeitar a roupa, ver se o cabelo não está um susto e, se for para o 12º andar, passar uma corzinha nos lábios. Ora, se o elevador vai cheio, não posso fazer nada disto e tenho de me distrair a olhar para o tecto, para o espelho, para a porta, para o chão...e ainda assim tenho a visão periférica que me permite ver o quão estranhos poderão ser os meus companheiros de reclusão, caso aquilo avarie e fiquemos lá presos.
Essa é outra: sinto sempre que aquilo vai empenar no preciso momento em que lá estou dentro. A culpa foi de um amigo meu, engraçadinho que só ele, que no auge dos seus 14 anos achou bonito carregar no stop do elevador sem que visse e pregar-me um susto, numa altura em que a clarividência ainda não era uma coisa que baixasse frequentemente em mim. Escusado será dizer que já visualizava ossadas minhas a um canto, antes que a equipa de resgate chegasse a mim. Sim, eu tinha 14 anos e era dramática.
Mal o dito comece a abanar, emperrar, soluçar ou efectuar quaisquer movimentos que não um discorrer calmo, sereno e tranquilo, possivelmente com um Chopin de fundo só para amenizar o stress, sinto logo a arritmia a aflorar e os pensamento: vai cair, vai cair, eu sei que vai cair, eu já vi como este filme acaba!
Felizmente agora que moro num 2º andar sem elevador, limito muito a minha utilização diária deste simpático amigo que nos transporta para outras altitudes, bem como subo os 48 degraus a repetir o mantra: cu rijinho, agora é que vai ser, cu rijinho!
Claro que posso tropeçar com os sacos das compras e partir os dentes da frente, estragando o já de si parco trabalho genético dos meus pais, mas não vamos pensar nisso.
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Eu tenho claustrofobia e não ando de elevador. Vou sempre pelas escadas, não importa a quantidade de andares que tenha de subir :)
ResponderExcluirEu tenho de viver com o drama de cair das escadas facilmente ou viver a "emoção" de andar de elevador, nunca sei o que pode ser melhor, pelo que alterno.
ExcluirRosa Cueca,
ResponderExcluirExperimenta meter conversa com as pessoas no elevador. Ajuda a passar o sentimento estranho :P
Ando a experimentar o meu lado anti-social, não dá.
ExcluirO facto de teres contado os degraus é espectacular. :)
ResponderExcluirTenho uma pergunta: então e se aparecer um vizinho que entra no prédio ao mesmo tempo que tu e mora no mesmo andar ou num andar superior? Vais ter que conversar com ele, não no elevador, mas enquanto sobes escadas. E isso é ainda mais constrangedor.
Normalmente é pior, porque, vejamos, eu só quero chegar a casa, contudo, o meu filho pensa de maneira diferente e passa o caminho todo a dizer sonora e insistentemente "quem é o senhor?!" quando se cruza com alguém.
ExcluirOra, o senhor, todos sabemos estar no céu, e uma resposta "não sejas cusco" não é a parentalmente ideal - muito embora já a tenha proferido. Assim, tenho de explicar que é uma pessoa que vive no nosso prédio como nós, o que não cabe no seu entendimento, já que "a casa grande é minha". Temos, então, lá em casa o dono do prédio a viver e pagamos uma porrada de IMI, se fôssemos a acreditar em tudo o que o puto diz.
tenho filme ideal para ti, todo ele passado dentro de um elevador.
ResponderExcluirse algum dia o vires o mais provavel é nunca voltares a usar o elevador.