Não sei se viram a notícia que mostra a cozinheira Nigella Lawson a ser agredida, em público, pelo marido.
A violência, especialmente vinda daqueles em quem mais deveríamos confiar, causa-me estranheza. Felizmente não compreendo o que leva alguém a aguentar qualquer tipo de violência, desde a física, à psicológica, que é tão má ou pior.
Esta notícia fez-me igualmente pensar há quanto tempo a situação não se andava a arrastar. Quantas vezes foram precisas, a portas fechadas, disto, para que ela tomasse uma posição que realmente dissesse mais sobre o amor que tem a ela, do que ao que poderia ter a ele.
Em relações abusivas acredito que não temos o distanciamento necessário para tomar uma posição definitiva, há a tendência de desculpar, de tentar tomar uma culpa que justifique os actos, quando, na verdade, não há nada que justifique transpôr a barreira do desrespeito total.
Isto não é amor, nunca poderia ser. Há quem aja de forma inominável em nome de um qualquer sentimento, quando a única explicação é tão somente a da doença.
Todos os anos os números de violência doméstica aumentam. Numa sociedade que cada vez mais fomenta a informação e a comunicação. Como se, tendo todas as ferramentas para podermos proteger-nos melhor, escolhêssemos a penumbra do abuso, por colocar em causa a perfeição que queremos ter em todos os níveis da vida. Porque ninguém quer ser conhecido como a vítima, o fraco, no meio de uma situação em que se viu impotente.
É curioso, isso, a noção de fraqueza. Eu diria que é preciso muito mais força para ficar calado e continuar a viver constantemente em medo, do que para falar e dar uma hipótese a nós mesmos de um novo começo.
Espero gostar sempre de mim. Espero amar-me sempre o suficiente para nunca permitir abusos. :(
ResponderExcluirEstava a pensar num comentário humorístico para fazer, mas não estou inspirado. Sendo assim vou falar a sério. Eu acho que não são os casos de violência que estão a aumentar, mas sim, as denuncias é que estão a aumentar. Cada vez mais as mulheres vão tendo coragem para denunciar e fugir a estas situações, porque elas sempre existiram, mas, tal como as doenças sexualmente transmissíveis e os abusos de menores e pedofilia, sempre foram escondidas.
ResponderExcluirnão acredito que estejam a aumentar, acho é que é mais conhecido, falado, denunciado.
ResponderExcluirqt ao resto, nem sei que dizer, sinceramente.
Eu acho que irá continuar a aumentar, não tanto pela voz mais activa que as mulheres têm hoje, face a antigamente, mas porque estamos a criar uma sociedade com cada vez menos respeito pelo outro, uma crise de valores, de pessoas frustadas, que estão a ter mais dificuldades económicas. A crise que andamos a viver é cada vez mais uma crise social e a violência advém muitas vezes do acumular de frustações, que se despejam no colo dos que nos são mais próximos, simplesmente por estarem ali.
ExcluirNão podia concordar mais. É triste, de facto.
ResponderExcluirEu sou pessoa insensível o suficiente para fazer o comentário humorístico que o Jedi tencionava fazer: mas quem é que dá porrada a uma mulher que faz bolos maravilhosos todos os dias?
ResponderExcluirContinuo a achar que é preciso mais coragem para "vir cá para fora" do que para continuar acomodada à situação. Os doentes perseguem, viram o mundo ao contrário, e tudo fazem para continuar com um ascendente sobre a vítima. Poderá parecer mesmo que não há fuga possível à obstinação. A juntar a isso, a vergonha...
ResponderExcluirSe calhar a pedra de toque para a Nigella foi ter sido fotografada pelos paparazzi. Se assim não fosse, se calhar continuaria a sofrer em silêncio. Não haveria maior vergonha, e talvez tenha vindo daí a coragem.