14.7.15

Uma pessoa é intrujada logo desde piquena.

O mundo é dos espertos, atentem, há quem entenda isto desde cedo e há quem se deixe comer por parvo até as artroses começarem a bater.
 
Cedo percebi o grande esquema das coisas, quando uma amiga de infância me propôs trocarmos brinquedos.
Um pequeno intróito: eram anos de contenção lá por casa, tive de me tornar numa pessoa mais criativa e ir imaginando cenas diferentes, para os poucos brinquedos que tinha.
(brincava ao som de Spandau Ballet, porque os meus pais além de comichosos com os brinquedos, também não iam em tretas de me comprar k7's para putos, por isso ouvia o que havia. O romance entre a Barbie e o Ken teve muitas vezes como paninho de fundo Rao Kyao)
 
Ora, quando se me apresentou toda uma oportunidade de ganhar um brinquedo novo-pelo-menos-para-mim (um bocado como os gajos, quando os apanhamos e sabe-se lá por onde já andaram, mas para nós é a estrear), rejubilei!
...
A parte chata veio a seguir.
Um dos poucos brinquedos fixes que tinha era um casal de Barriguitas com um baloiço.
Aquilo era o meu ai-jesus e, adivinharam, também o foi para a minha amiga, que fez olho gordo para cima dos meus fofinhos barriguitas (no tempo em que ser-se uma criança gordinha era sinal que havia cérelac para todos e não os barriguitas de hoje que já vêm da clínica persona todos fit).
 
Até hoje não sei como aquilo aconteceu. Ela escolheu-os e eu fui na onda, entrei num transe tal, que só me lembro de ter entregado os barriguitas e tê-la visto a entregar-me o brinquedo que me ia calhar para a troca.
A merda de um puzzle. A QUE FALTAVAM PEÇAS.
Como ela tinha a mãe ao lado, a certificar-se que a troca ficava bem feita para o lado dela, eu tive vergonha de dizer que não queria aquilo, queria mas era um brinquedo fixe.
 
Sempre que voltava lá via os meus barriguitas a piscar-me o olho, a baloiçar e a dizer:
és pouco parva, és.
 
Até hoje acredito que os meus pais tenham permitido este endrominanço ÉPICO, para me dar uma lição: nunca se dá nada sem se ver o que vem à troca. Pena é que não a tenha aprendido.
 
P.S. Ainda tenho o puzzle, exactamente como me foi dado, a quem continuam a faltar os pés do Mickey.
 
 
 

6 comentários:

  1. Foste mesmo indrominada. Já agora o que foi feito da tua amiga? Chegou longe com essa atitude ou nem por isso?

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    1. Eu até afiançava uma carreira num banco ou numa seguradora, mas não ;).
      Além de que os miúdos irão sempre seguir o instinto básico mais "egoísta", a diferença está na educação que se recebe.

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  2. hahahahahahaha. Eu afiambrava-os de novo e sem ninguém ver :p

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  3. Não foste a única... uma vez paguei 100 paus a uma colega por uma carteirinha de cromos da Barbie... Inteligente que só eu...

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