A minha gata é a pior stalker do mundo.

Abro os olhos de manhã e lá estão aqueles dois olhos amarelos a fitar-me, um miado de "alimenta-me", seguido de turrinhas de encontro às minhas mãos inertes, para uma (várias) carícias, especial ênfase na orelha esquerda.
Levanto-me e faço uma caminhada de obstáculos, com um alvo em movimento - o verdadeiro oposto de um cão guia.
Arrasto-me até à banheira e...lá está ela. Possivelmente com as quatro patas já lá dentro e um olhar crítico.
Saio do banho e vou secar o cabelo. Quem lá está? Ela.
Mando uma lufada de ar quente para ela sair de cima da cómoda, ao que ela responde com uma mordidela protestante no meu tornozelo.
Como e alimento-a. Vou ter com o G. e ela larga a comida para me acompanhar. Alimento e visto o G., que tenta agarrá-la insistentemente, enquanto se ela esquiva.
Mia e pede mais um mimo. Acedo porque sou uma mole e não sei dizer-lhe que não.
Senta-se junto à porta e mia novamente.

Ao final do dia, subo as escadas e ouço-a a miar quando ouve as nossas vozes.
Abro a porta e está sentada à entrada à minha espera.
Pego-lhe e viro-a de barriga para cima, uma posição que ela tolera por alguns segundos, revolvendo-se para que a solte e coloque mais uns "secos" na sua tigela.
Corro a casa à procura de tarefas para fazer, sempre com a companhia dela. Passo a ferro e lá está ela, a tentar puxar uma manga de uma camisa, a mordiscar-me os pés ou a chamar-me.
É que a esta hora, é hora de ninho. De me sentar por momentos. De respirar fundo e olhar para ela. Realmente olhar para ela.
Aninha-se em mim e ronrona, feliz. Levanta as orelhas para brindar o pequeno G., que mais uma vez objectiva pegar-lhe. Permite e despede-se do meu colo com um olhar acomodado, um "estava a ser bom, mas volto já".
À noite, já deitada na cama, embalo-me com aquele ronronar sistemático, com cabeçadinhas agradecidas, de quem pede muito pouco para tudo aquilo que dá.

A minha gata é a pior stalker do mundo.
Já disse que a adoro?!