O stalkeriano.

Há coisa de umas semanas comecei a receber sms estranhas no meu telemóvel, de um tipo a querer saber de uma tal de Lúcia.
Pois bem, cheira-me que a Lúcia deu um número qualquer a um tipo, possivelmente para se ver livre dele e, azar dos azares, ando sistematicamente a receber as abordagens do tal moço.
Eu já expliquei: rapaz, eu não sou a Lúcia, tens o número errado. Mas, ainda assim, todo o santo dia, replicam-se as mensagens:

Oi lúcia.
Então, não dizes nada?
Não queres aturar o chato?
Tentei falar contigo, mas não me respondes...
Estás sem dinheiro no telemóvel, queres que te carregue?

...e isto, ad eternum. T-o-d-o-s os dias.
Já me cansei de lhe tentar explicar que tem a pessoa errada em mãos, porque não lhe entra na cabeça. E, sinceramente, a mim não me entra no bolso gastar dinheiro com um tipo que prefere acreditar que sou a Lúcia, mesmo já lhe tendo duas vezes explicado que não sou. Pela paciência que tenho, só se for a Irmã.

Adiante, mesmo que eu fosse a tal Lúcia e não lhe ligasse um chavo. Porque raios ele insiste?
A sério, mas esta gente não se manca? A Lúcia é a Sara Sampaio da Caparica e eu não sei?!

Custa assim tanto perceber que, se uma pessoa quiser, nem que seja por simpatia mínima, responde? Pior, é um espectáculo triste de assistir: o moço humilha-se, auto-intitula-se de chato, manda toques, manda sms e, mesmo assim, ainda pergunta se quero que me carregue o telemóvel?
A vontade que tenho é dizer: epá, sim, dava jeito, já agora...

Eu vou acreditar, com muita força, que isto seja um tipo dos seus 14 anos, inexperiente, com uma tendência para o dramatismo emocional e que, com o tempo, aprenda a lição que todos aprendemos um dia: she is not that into you.