22.4.13

O substituto pobre ao futebol.

Mulheres deste Portugal: claramente precisamos de um.
Pode até ser pobre, mas ao menos que faça frente ao futebol.
Quantos mais convívios sociais iremos tolerar, em que o assunto cai, a cada 5 minutos, em bola?
Nós somos mulheres, compreendam que retaliar com conversa de vernizes ou roupa leva-nos 2 minutos e oscila entre "esse verniz é giro" ou "já viste a nova colecção da Zara?".
Lembram-se desses segundos?! Óbvio que não, porque possivelmente estão A FALAR DE BOLA.
Disponibilizei-me a fazer os cálculos do tempo que se perde a falar em futebol, em média, num almoço regular entre amigos e o resultado é assombroso: 45m.
A ser muito benevolente.

Vejamos, não há dia sem um jogo de bola algures.
Ou notícias sobre jogos, futebolistas, clubes, ou mulheres dos jogadores (o mal menor).
Quando não são os jogos que se vão jogar, são os do passado. Quando não é a liga portuguesa, podemos muito bem falar da russa.
Para além disso, há dias em que achamos temos a ilusão de poder ter descanso, pois não há "jogos importantes" (aqueles referentes ao clube da pessoa com distúrbios que temos em casa), mas somos confrontadas com a realidade de que "todos os jogos são interessantes".
Percebendo o requinte de obsessão masculina, e não estando completamente satisfeitos, foram criados websites como o livescore, para o update ao minuto do que se passa no mundo da bola.
Como isso só leva alguns minutos a ver, temos também o zerozero, nem que seja para ver os jogadores das várias equipas por esse mundo fora.
Quando tudo isto falha, há sempre o FM, Fifa ou PES.
Nem sequer vou abordar os anos em que existe Mundiais ou Euros, porque aí eu alio-me de bom grado à causa, especialmente se houver cerveja na mesa.
Contudo, é notório que os nossos olhos andam a adquirir tiques nervosos, fruto do roll eyes por simpatia que mandamos umas às outras. Isto pode ser a vossa noção de bonding, mas não é a nossa.

Assim, o que quero dizer é que, nós mulheres, na nossa maioria, não partilhamos este entusiasmo, semelhante àquele que um cão experiencia ao mandarem-lhe um pau e mandarem ir buscar. Aquela alegria ingénua por ver uma data de marmanjos a correr atrás de uma bola. Nós, quanto muito, vemos os jogos na esperança que algum jeitoso tire a camisola e leve um amarelo. Só para perceber quem são os rule breakers.

O que quero dizer com isto é: precisamos de um contraponto.
Algo diferente de falar da carreira, gracinhas do filho, cortinados ou divisão de tarefas no lar.
Precisamos de uma obsessão.


P.S. Este post exclui aquelas mulheres cujos respectivos não apreciam bola por aí além. Essas têm de trocar futebol por jogos e tolerar serem acordadas às 5 da manhã com o vosso homem a gritar uns nomes feios às mães dos outros senhores que também jogam alegremente online, com um barulhinho de II Guerra Mundial por trás.
Os meus pêsames a quem conseguiu arranjar um espécime que alberga estas duas realidades. Prozac é solução.

9 comentários:

  1. 45 min? Muito menos... E o FM sempre dá para participares e explicares como se relaciona com a dinâmica conjugal. É um jogo para toda a família e não há mulher mais sexy que aquela que consegue elaborar sobre tácticas de futebol. Só por causa disto vou ler o blog do Freitas Lobo :P

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    1. É das poucas coisas em que sou um bocado machista:
      mulheres a dar opinião de bola, é como homens a dar palpites sobre os nossos cozinhados: a menos que saibas mesmo o que estás a dizer, é melhor não falares muito.

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  2. Por aqui sofre-se do mesmo mal. Desde que haja dois homens à mesa, seja num convivio familiar, café, bar..fala-se sempre de futebol.

    Tudo o que são jogos importantes (do clube dele, ou um jogo muito espectacular dos "inimigos" mais directos, ou um jogo real vs Barcela (este ultimo eu também aprecio)), há que ver, e comentar.
    Pior que isso é quando diariamente vai ao 101greatgoals e não sai de lá enquanto não vir tudo o que há de novo.

    Tenho a certeza que ele se lembra mais rápido quem é que ganhou o campeonato do ano em que ele nasceu ou quais são os titulos do Porto e quem era o treinador e o ano, do que, por exemplo, quando é que me conheceu.

    Men.

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  3. cá em casa é precisamento o contrário: ele não liga a futebol, eu sou fã acérrima do FCP e sofro e vibro muito com os jogos

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    1. Eu gusto de ver futebol, percebo os mínimos e sei explicar um fora de jogo.
      Com o FCP também vibro, chamo nomes, dou berros, mas tudo no conforto do lar, onde só o Sr Barreiro do 1A me ouve.
      E aprecio enviar sms ao marido em dias de porto-benfica/benfica-porto por ocasião dos golos azuis e brancos com "então, foi tão bom para ti como para mim?" ou "espero que tenhas levado vaselina".

      ...


      A maturidade.

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    2. ahahah adorei :D é preciso muito amor para aguentar ser casada com um benfiquista eheh

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  4. Eu não posso falar muito porque eu adoro futebol, é um tema para o qual tenho sempre assunto lol

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  5. Sofro do mesmo mal e para mim ver futebol é como um calmante passados 20 minutos e estou a dormir mas desde que eu não o chateie ele não se importa que eu durma.

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  6. A magia do futebol é que ele não se esgota. Senão vejamos: temos as ligas nacionais de Agosto a Maio/Junho. Quando essas acabam, temos as ligas dos países que, devido a restrições climatéricas, só podem jogar em tempo ameno/quente, como as ligas sueca ou norueguesa, por exemplo. Ah, e as ligas sul americanas correm "ao contrário", porque estão no hemisfério sul.

    Depois, temos a Liga dos Campeões, a Liga Europa, a Taça Libertadores e por aí em diante.

    Temos ainda o Mundial de 4 em 4 anos, e o Europeu, também de 4 em 4 anos, bem como a Taça das Confederações e a CAN, que agora é anual.

    E quando isto tudo acabar, ainda temos os jogos de pré-época. E mesmo quando está tudo de férias, ainda temos os mexericos do período de transferências, que têm a função similar a uma novela.

    Como vês, assunto não nos falta.

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